
13/11/2025
Em meio às negociações climáticas da COP30, em Belém, a AIE (Agência Internacional de Energia) divulgou nesta quarta-feira (12) um relatório que indica o crescimento contínuo da demanda por petróleo e riscos de elevação da temperatura média global bem acima do teto perseguido pelo Acordo de Paris.
"Os sinais de avanço na transição não estão acompanhando a velocidade exigida pelo clima", afirmou o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol. "Mesmo com mais investimentos em renováveis, a combinação de crescimento econômico e políticas tímidas ainda sustenta a demanda por petróleo e gás."
O relatório estima que, nas condições atuais, a demanda por petróleo atingirá 113 milhões de barris por dia em 2050, alta de 13% em relação a 2024. O crescimento seria puxado principalmente por economias emergentes.
Na COP30, o governo brasileiro quer debater critérios para implementar a transição para fora dos combustíveis fósseis deliberada na COP28, em Dubai. Mas a ausência dos Estados Unidos, maiores produtores globais, e a resistência de países africanos são obstáculos.
As projeções da AIE sinalizam uma mudança de direção da agência, que vinha sendo criticada pelo governo Donald Trump. O relatório foi comemorado pela Opep (Organização dos países Exportadores de Petróleo), como um "encontro com a realidade".
Nele, a AIE avalia que a maior preocupação com segurança energética, perspectivas de crescimento econômico e o avanço de tecnologias intensivas em energia, como a inteligência artificial, tornam mais lento o processo de transição energética.
O texto cita também argumentos reforçados pela indústria do petróleo nos últimos anos sobre a necessidade de ampliar a oferta de energia para pessoas sem acesso ou com acesso precário ao redor do planeta—uma transição "justa e inclusiva", nas palavras das petroleiras.
"O quadro é de resiliência do petróleo e do gás, mesmo diante de avanços em renováveis", resume o texto. Em seu último relatório, publicado em 2024, a AIE via pico da produção de petróleo antes de 2035. Agora, esse cenário só aconteceria com reforços em políticas de mitigação das mudanças climáticas.
No cenário do cumprimento de metas já anunciadas, mas ainda não implementadas, a demanda por petróleo se estabilizaria por volta de 2030.
A agência estima que, no cenário de políticas atuais, a temperatura média global pode subir cerca de 3°C até o fim do século. O cenário de implementação de políticas de mitigação resultaria em um aquecimento de aproximadamente 2,5°C.
Mesmo no cenário mais ambicioso, de emissões líquidas zero até 2050, a AIE afirma que o limite de 1,5°C será temporariamente ultrapassado nas próximas décadas, com retorno apenas após 2100 —dependendo de tecnologias de remoção de carbono ainda não comprovadas em larga escala .
"A janela para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C está se fechando rapidamente", afirma o texto. "Sem uma aceleração nas políticas de transição e no investimento em tecnologias limpas, o mundo ficará preso a um cenário de alto carbono por mais uma geração."
Em nota distribuída após a divulgação do relatório, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) destacou o que chamou de mudança de postura da agência: "reconhece, pela primeira vez em muitos anos, que o petróleo e o gás continuarão desempenhando papel central na matriz energética global".
A organização vê o novo relatório como um "encontro com a realidade" após "previsões excessivamente otimistas" sobre o fim da era dos combustíveis fósseis. "Hoje o mundo consome mais petróleo, carvão e gás do que nunca", afirma o texto.
Fonte: Folha de S. Paulo
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