
04/11/2025
“Punangairi se ergue como um limiar entre a terra e o mar, o passado e o futuro, as pessoas e o lugar. Oferece um modelo de arquitetura que primeiro escuta, moldando a forma e a experiência em torno das histórias e da gestão daqueles que pertencem à terra”. Assim definem os arquitetos de um novo centro de visitantes na Nova Zelândia.
Punakaiki é uma pequena localidade na Costa Oeste da Ilha do Sul da Nova Zelândia, dentro do Parque Nacional de Paparoa. A região se estende das montanhas Paparoa até o mar da Tasmânia e é marcada por florestas densas e formações geológicas únicas. Entre as atrações mais famosas estão as Pancake Rocks (ou Rochas Panqueca), camadas de calcário que criam colunas e fendas até o mar.
É nesse cenário de floresta, penhascos e oceano que surge Punangairi, um centro de visitantes que redefine o papel da arquitetura na paisagem. Mais do que um ponto de apoio turístico, o edifício se torna um gesto de restauração ecológica e cultural, conectando pessoas, território e tradição.
O edifício parece emergir da floresta, com estrutura baixa de madeira entre palmeiras e sob o dossel de vegetação. O telhado verde se estende como uma continuação do terreno, integrando construção e natureza.
O projeto foi desenvolvido pelo escritório Sheppard & Rout Architects em colaboração com o Ngāti Waewae, um povo maori que integra a tribo Ngāi Tahu. Cada decisão do projeto, da orientação do edifício à escolha dos materiais, foi guiada pelo diálogo com a comunidade local, garantindo que as narrativas culturais fossem incorporadas, e não impostas.
Com os mana whenua (povo da terra), o design do projeto busca comunicar os valores de manaakitanga (acolhimento e hospitalidade) e kaitiakitanga (cuidado e proteção da terra). “O resultado é um espaço que acolhe os visitantes tanto na paisagem física quanto na cultura viva que a define”, afirma o escritório responsável.
Com área construída de aproximadamente 1.350 m² e orçamento de US$ 30 milhões, o projeto usa madeira local, madeira laminada colada (LVL), vidro e telhado verde. O design incorpora princípios de sustentabilidade, incluindo baixo carbono incorporado, uso de materiais locais e design passivo que favorece o conforto térmico natural.
No interior, a luz natural é filtrada por painéis de madeira sobrepostos, evocando a floresta iluminada além das janelas. A paleta de materiais, madeira e pedra de origem local, remete à geologia e às tradições artesanais da região. O percurso interno é fluido, levando da recepção à exposição e à contemplação, em uma experiência voltada mais ao encontro do que à exibição.
Apesar de sua escala, Punangairi carrega uma grande ambição: demonstrar que construções podem abrigar grandes ideias. Para os arquitetos, o projeto convida a uma reflexão sobre como a arquitetura pode apoiar tanto os sistemas ecológicos quanto a continuidade cultural. Com o reaproveitamento de materiais locais, o projeto inspira uma forma de construir que fortalece tanto os ecossistemas quanto as comunidades.
Punangairi recebeu diversos prêmios, incluindo o Prêmio de Arquitetura Local de Nelson/Marlborough do Instituto de Arquitetos da Nova Zelândia 2025, o Prêmio BLT Built Design 2025, o Prêmio de Design Indo-Pacífico INDE 2025 e o Prêmio DINZ Best 2025 (Prata).
A matéria completa pode ser lida no CicloVivo
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