
18/12/2025
O Brasil descarta cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, segundo a consultoria S2F Partners, um hub de inteligência especializado em gestão de resíduos e economia circular. O montante considera apenas o que é dispensado nas residências. Agora, imagine a quantidade de sobras de tecido eliminadas diretamente pela indústria. Em uma tarde comum no Brás (SP), maior polo de moda e atacado da América Latina, o cenário de sacolas gigantes cheias de retalhos espalhadas pelas ruas fala por si e ajuda a dimensionar a magnitude desse problema. Como resposta a esse desafio, a Lupo acaba de inaugurar uma loja econtainer construída com tijolos produzidos integralmente a partir de resíduos têxteis.
As sobras que dão forma aos tijolos são de poliamida resultantes do processo fabril da própria Lupo. A unidade está localizada em Roseira, no Vale do Paraíba, em São Paulo, sendo a primeira do tipo inaugurada pela marca.
“Esta loja representa a materialização do que acreditamos sobre responsabilidade ambiental. Estamos transformando um resíduo que antes era um desafio em um ativo capaz de gerar impacto positivo e abrir novas possibilidades para a marca. Com essa solução conseguimos fechar o ciclo da nossa cadeia produtiva causando o menor impacto ambiental possível”, afirma a Diretora Presidente da Lupo, Liliana Aufiero.
Cada tijolo pesa cerca de 1 quilo e é montado por encaixe, sem necessidade de cola, argamassa, cimento ou água. A construção é realizada sobre um radier simples, com ancoragem feita por chumbadores e barras roscadas que garantem estabilidade mesmo em condições climáticas extremas. Nos testes, os blocos suportaram até 18 toneladas de compressão, índice superior ao de blocos tradicionais de concreto. A performance térmica e acústica também são diferenciais, além de serem retardantes à chamas.
Os tijolos de resíduos têxteis foram desenvolvidos pela Wolf, empresa de Araraquara especializada em soluções termoplásticas, que surgiu a partir de uma demanda da própria Lupo. Em 2007, recicladores tradicionais passaram a rejeitar resíduos de poliamida por considerá-lo contaminante. A busca por uma solução para o descarte adequado motivou o desenvolvimento de uma tecnologia capaz de triturar, aquecer e transformar o resíduo em grãos termoplásticos que, posteriormente, são injetados em moldes que originam os tijolos utilizados na obra.
“Hoje conseguimos produzir blocos estruturais 100% feitos do resíduo têxtil da Lupo. É uma solução totalmente circular e com alto desempenho técnico, algo que não existe em nenhum outro lugar do mundo”, destaca o CEO da empresa, Alessandro Gadelha.
Seguindo o layout tradicional da Lupo, a loja de tijolos ecológicos possui cerca de 40 metros quadrados e foi construída rapidamente, segundo explica a fabricante de moda. Após o radier ser concretado, todas as paredes foram erguidas em apenas três dias. Internamente, a estrutura recebeu pintura direta sobre o bloco, sem a instalação de gesso ou outros revestimentos, o que reduziu o uso de materiais adicionais.
A primeira loja econtainer está localizada no mini mall do Posto Arco-Íris, um espaço conhecido por abrigar operações sustentáveis em formato container. Segundo Carolina Pirola, Gerente de Expansão e Implantação de Franquias, há a possibilidade de expandir o modelo para outros locais.
“Estamos falando de uma solução modular, sustentável e escalável. A loja de Roseira é um piloto que pode ser replicado em postos de gasolina, centros comerciais, supermercados e diversos formatos de rua. Queremos testar a aceitação do público e, a partir disso, estudar a viabilidade de levar esse conceito para outras regiões do Brasil”, comenta. Carolina, que é também arquiteta, destaca que o uso desse material otimiza o tempo de construção, reduzindo entre 30 a 50% do tempo em comparação com uma construção tradicional.
Esta reportagem pode ser lida na íntegra acessando o CicloVivo
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