
23/09/2025
A qualidade da água do Rio Tietê segue em estado crítico, apesar de uma redução na chamada mancha de poluição, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. Divulgado às vésperas do Dia do Rio Tietê (22 de setembro), o relatório “Observando o Tietê” revela que, em 2025, a extensão da mancha caiu de 207 km para 174 km: uma redução de 15,9% em relação ao ano anterior.
Apesar disso, a quantidade de pontos com água considerada boa caiu drasticamente: passou de três para apenas um (1,8%). A maioria dos locais analisados foi classificada como regular (61,8%), ruim (27,3%) ou péssima (9,1%), e nenhum ponto atingiu a categoria de qualidade ótima.
“Há uma redução da mancha para 174 km, mas acompanhada da menor extensão de água boa da série. Além disso, quando olhamos para a série histórica, percebemos que a piora em 2024 não foi um ponto isolado, mas o agravamento de uma tendência de retrocesso iniciada em 2022″, afirma Gustavo Veronesi, coordenador do projeto Observando os Rios na SOS Mata Atlântica. Isso significa que “apesar de oscilações anuais, a qualidade do Tietê permanece altamente vulnerável e não há sinais consistentes de recuperação duradoura”, ressalta.
Entre 2016 e 2021, o rio viveu um período de recuperação, com aumento dos trechos regulares e bons, e redução da mancha de poluição para 85 km. A partir de 2022, esse cenário se inverteu:
* Em 2024, a mancha de poluição atingiu o pior nível da década: 207 km.
* Em 2025, houve leve melhora (174 km), mas com queda drástica na água de boa qualidade, que agora se restringe a 34 km entre Salesópolis e Biritiba Mirim (eram 119 km em 2024).
“A qualidade permanece altamente suscetível a variações climáticas, descargas e remanescentes de esgoto tratados e não tratados, operações de barragens, efeitos de eventos extremos e acidentes ambientais”, explica Veronesi.
Para a SOS Mata Atlântica, o Projeto Tietê precisa de governança, transparência e ação conjunta. O histórico Projeto Tietê, hoje rebatizado como Integra Tietê, enfrenta novos desafios como a privatização da Sabesp e a necessidade de fortalecer a regulação pública.
“Não basta ampliar a coleta e o tratamento de esgoto. É fundamental adotar planos integrados de gestão da bacia, capazes de articular saneamento básico, uso do solo, proteção e restauração da Mata Atlântica e fortalecer os instrumentos de governança hídrica e adaptação às mudanças climáticas”, afirma Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica.
Com 1,1 mil quilômetros da nascente à foz, o Tietê atravessa o estado de São Paulo de leste a oeste e corta áreas urbanas, industriais, de geração de energia hidrelétrica e de produção agropecuária. É dividido em seis unidades de gerenciamento de recursos hídricos (UGRHs), também chamadas de bacias hidrográficas. A bacia do rio Tietê abrange 265 municípios, num total de mais de 9 milhões de hectares – 79% inseridos no bioma Mata Atlântica.
A matéria na íntegra pode ser lida no CicloVivo
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