
11/09/2025
Há milhares de anos, quando as geleiras começaram a derreter e o nível dos oceanos subiu na região que hoje corresponde ao nordeste dos Estados Unidos, algo inesperado ficou guardado sob o fundo do mar.
Quase 50 anos atrás, um navio do governo norte-americano que buscava minerais e petróleo perfurou o solo marinho para ver o que encontrava. Encontrou algo surpreendente: água doce.
Neste verão do Hemisfério Norte, uma expedição científica global inédita voltou ao local para investigar. Perfurações feitas ao largo de Cape Cod, em Massachusetts, revelaram milhares de amostras de um aquífero subterrâneo que pode se estender de Nova Jersey até o estado do Maine.
É apenas um dos muitos depósitos de “água doce secreta” que se sabe existirem em mares rasos do planeta e que talvez, no futuro, possam ser aproveitados para saciar a sede crescente da humanidade, explica Brandon Dugan, co-chefe científico da missão.
“Precisamos olhar para todas as possibilidades que temos para encontrar mais água para a sociedade”, disse Dugan, geofísico e hidrólogo da Colorado School of Mines, em entrevista à Associated Press durante 12 horas passadas na plataforma de perfuração.
Segundo ele, a equipe buscou água “em um dos últimos lugares onde alguém provavelmente procuraria por água doce na Terra”.
Os cientistas encontraram. E agora vão analisar, nos próximos meses, quase 50 mil litros dessa água em laboratórios espalhados pelo mundo. O objetivo é decifrar sua origem — se veio do derretimento de geleiras, de sistemas subterrâneos conectados ao continente ou de uma mistura dos dois.
O potencial é enorme. Mas também os desafios: extrair essa água, decidir quem seria dono dela, quem poderia usá-la e como fazê-lo sem causar danos à natureza. Mesmo que viável, levar essa água à costa para uso público em larga escala deve levar anos.
Por que insistir? Em apenas cinco anos, segundo a ONU, a demanda global por água doce deve superar a oferta em 40%. O aumento do nível do mar, causado pelo aquecimento climático, já contamina reservatórios costeiros de água doce, enquanto os data centers que sustentam a inteligência artificial e a computação em nuvem consomem água em ritmo insaciável.
A famosa lamentação do marinheiro na obra clássica de Samuel Taylor Coleridge, “Água, água por toda parte, e nenhuma gota para beber”, hoje serve de aviso tanto para marinheiros em alto-mar quanto para moradores em terra firme.
Na Virgínia, por exemplo, um quarto de toda a energia produzida no estado já vai para data centers, proporção que deve quase dobrar em cinco anos. Cada centro de médio porte consome, em média, tanta água quanto mil casas. Estados vizinhos aos Grandes Lagos também enfrentam escassez de água subterrânea.
Em Cidade do Cabo (África do Sul), quase 5 milhões de habitantes ficaram prestes a ficar sem água em 2018, durante uma seca histórica de três anos. Pesquisadores acreditam que a África do Sul também possui reservas submarinas de água doce, e há indícios de que cada continente pode ter depósitos semelhantes.
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