
09/09/2025
Um novo estudo indica que a energia solar espacial pode se tornar peça-chave no futuro energético da Europa, suprindo até 80% da demanda por fontes renováveis até 2050. A pesquisa, conduzida por engenheiros do King’s College London (KCL) e publicada na revista Joule, utilizou modelagem computacional detalhada para avaliar o potencial do chamado space-based solar power (SBSP). Os resultados apontam para uma alternativa promissora capaz de reduzir custos, ampliar a confiabilidade do fornecimento e apoiar as metas de neutralidade de carbono do continente.
O conceito de energia solar espacial foi originalmente idealizado pela NASA. Ele consiste em conjuntos de espelhos instalados em satélites que captam a luz do sol diretamente em órbita e a transmitem para estações terrestres, onde ela é convertida em eletricidade para a rede. Segundo o professor sênior do departamento de engenharia da KCL e autor principal do estudo, Dr. Wei He, o SBSP poderia “fornecer energia solar contínua como uma fonte de energia renovável” e se tornar um forte complemento às atuais estratégias de transição energética.
Os pesquisadores simularam as demandas de 33 países europeus, incorporando ao modelo projeções da NASA para a produção do SBSP. A inclusão da tecnologia reduziu em 80% a necessidade de geração renovável em solo, diminuiu em mais de dois terços o uso de baterias e cortou em até 15% os custos gerais do sistema de energia. Diferente de fontes tradicionais, como eólica e solar terrestre, sujeitas a variações climáticas, a energia solar espacial oferece fornecimento contínuo e estável, já que coleta luz solar acima da atmosfera, livre de nuvens e escuridão. “O sol está sempre brilhando no espaço”, lembrou Wei. “Isso nos ajuda a obter um fornecimento ininterrupto de energia solar.”
Apesar dos números animadores, o estudo reconhece limitações. O modelo não considerou obstáculos como congestionamento de satélites, riscos de colisão, detritos espaciais ou falhas de transmissão. “Há alguns riscos a serem considerados”, explicou Wei. “[Um satélite] poderia ter muitos painéis solares? Poderia causar colisões ou ser danificado por detritos no espaço?” Outro entrave é o custo elevado: embora os benefícios futuros sejam significativos, a viabilidade comercial plena pode não chegar antes de 2050 sem avanços tecnológicos que barateiem construção e lançamentos.
Ainda assim, a Europa aparece bem posicionada para avançar na frente. A tradição de cooperação multinacional, especialmente via Agência Espacial Europeia, e a infraestrutura já existente para o intercâmbio transfronteiriço de eletricidade são vistas como diferenciais. “A Europa tem uma tradição de colaboração em tecnologia de satélite e redes de energia compartilhadas”, afirmou Wei. “Isso a torna uma candidata ideal para um programa SBSP centralizado.”
O Japão já incorporou a energia solar espacial em suas estratégias climáticas, e os pesquisadores acreditam que a Europa pode seguir o mesmo caminho. Em meio à crescente demanda por energia limpa e confiável, somada à pressão para acelerar a eliminação de combustíveis fósseis, o momento parece oportuno para que o continente aposte nessa nova fronteira tecnológica.
Fonte: CicloVivo

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