
19/08/2025
Esta é a única construção humana visível a olho nu, sem o auxílio de instrumentos, a partir do espaço, de acordo com a Nasa, a agência espacial americana.
É o chamado "mar de plástico", 32.000 hectares de terra (equivalente a 44 mil campos de futebol) cobertos por estufas no sul da Espanha, entre as cidades de El Ejido e Almeria.
Sob esses tetos de plástico branco, crescem cerca de quatro milhões de toneladas de alimentos por ano, como pepino, tomate, pimentão, melancia e melão, dos quais mais da metade é exportada para países europeus.
Por isso, esse enorme complexo também é conhecido como a "horta da Europa".
Um milagre econômico que é ainda mais notável porque a produção acontece em uma das zonas mais áridas da Espanha e da Europa: aqui chove apenas uma média de 54 dias por ano.
O desafio produtivo já se apresentava na década de 1950, quando a região enfrentava uma realidade ambiental difícil. Era necessário água para garantir que a agricultura fosse uma fonte econômica sustentável.
O governo espanhol decidiu, então, olhar para o subsolo: os aquíferos subterrâneos encontrados na região.
"A combinação de sol e água era perfeita para cultivar alimentos e impulsionar a economia de Almeria, que estava muito afetada", diz Luis Miguel Fernández, gerente da Associação de Organizações de Produtores de Frutas e Hortaliças de Almeria (Coexphal), à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.
O impulso tomou proporções épicas e, nos últimos 25 anos, o terreno não parou de crescer.
Atualmente, é uma atividade que gera cerca de US$ 5,1 bilhões por ano para a região. É, junto ao turismo, a principal atividade econômica, representando 40% do Produto Interno Bruto (PIB) de Almeria e gerando cerca de 100 mil empregos.
O "mar de plástico" produz 18% do total do setor de exportação agrícola da Espanha.
No entanto, essa explosão econômica também gerou questionamentos do ponto de vista ambiental e social.
Ativistas ambientais e especialistas destacam que a superexploração dos aquíferos e a poluição causada pelo excesso de plástico no meio ambiente deveriam ser suficientes para abrir o debate sobre uma agricultura menos intensiva e muito mais sustentável.
"Não podemos continuar sendo o supermercado da Europa", diz Julia Martínez, diretora técnica da Fundação Nova Cultura da Água de Almeria (FNAC), à BBC News Mundo, apesar dos notáveis benefícios econômicos.
Organizações de direitos humanos se juntaram a este apelo, com foco nas condições de trabalho. Os dados disponíveis indicam que cerca de 60% dos trabalhadores nas estufas são migrantes, e atualmente existem denúncias de exploração laboral, discriminação e acesso limitado a moradia digna.
Mas, afinal, como foi que a zona mais árida da Europa se tornou um de seus principais fornecedores de alimentos?
Conclua esta leitura clicando na Folha de S. Paulo

Comunidades de Paraty criticam evento de hotel de luxo com Embratur em meio a conflito na Justiça
09/09/2025
Traços de cocaína, cafeína e relaxante muscular são detectados nas águas do estuário de São Vicente, em SP
09/09/2025
Povoado no pantanal lida com trauma das queimadas enquanto luta por água e saneamento
09/09/2025
Municípios do Pará recebem equipamentos para reforçar o combate a desmatamento e incêndios
09/09/2025
Acusado de ser um dos maiores traficantes de animais silvestres do país é preso na Bahia
09/09/2025
Natura une conservação e renda com agroindústria comunitária na Amazônia
09/09/2025