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O povoado que vive sem luz em frente a uma das maiores usinas solares da América Latina

22/07/2025

Os primeiros raios de luz que atingem Rosa Chamami todos os dias, quando se levanta antes do amanhecer, vêm do fogo que atinge o papelão, alimentando um fogão a lenha improvisado no quintal da sua casa.
Os pedaços de papelão têm uma identificação impressa: "Risen - Tecnologia Solar". São pedaços das caixas que foram usadas no transporte dos 800 mil painéis solares instalados, entre 2018 e 2024, nas usinas fotovoltaicas de Rubí e Clemesí, no Peru.
Localizadas na região de Moquegua, a cerca de 1.100 quilômetros ao sul da capital peruana, Lima, elas formam o maior complexo solar do país e um dos maiores da América Latina.
Observadas a certa distância, as longas fileiras de painéis solares enganam os olhos e parecem uma lagoa. Chamami pode vê-las do seu quintal enquanto prepara o café da manhã (hoje, mingau de quinoa).
Ela pode observá-las porque a usina de Rubí fica a 600 metros da sua casa e os painéis são iluminados por lâmpadas brancas, que contrastam com a escuridão do seu quintal. Ela pode vê-las também porque, em meio a esse conjunto simétrico de linhas sobre o deserto, fica uma estrutura de escritórios e estações geradoras de luz.
"Preciso cozinhar de madrugada porque, à noite, é muito escuro", afirma ela. "Não consigo ver nada." O quintal de Rosa Chamami é escuro porque, no povoado de Pampa Clemesí, onde ela mora, não há eletricidade. Nenhum dos seus 150 habitantes tem conexão à rede elétrica.
Alguns moradores contam com painéis solares doados pela empresa Orygen, dona da usina de Rubí. Mas a maioria não tem recursos para instalar um painel, com sua bateria e alternador.
Eles realizam a maior parte das suas atividades durante o dia. E, à noite, armados de pequenas lanternas, são forçados a viver quase nas trevas.
Pouco a pouco, o nascer do sol começa a dar forma às moradias de madeira, às ruas cobertas de pó, à casa de tijolos de Chamami e, mais adiante, no outro lado da rodovia Panamericana, aos caminhos formados pelos painéis solares perfeitamente alinhados.
"Quem dera que a usina nos ajudasse com a luz", lamenta.
Ela não é a única a fazer este pedido. Os demais moradores do povoado repetem este clamor, desde que os painéis foram instalados no início da década de 2000, após tentativas em outros lugares da região.
Pedro Chará tem 70 anos e é vizinho de Chamami. Naquela época, ele já morava em Pampa Clemesí. Enquanto tentava construir sua casa, ele testemunhou a construção da enorme usina solar de Rubí, com seus 500 mil painéis, a poucos metros dali.
"Algumas vezes, depois de esperar por tanto tempo, lutando pela água e pela luz, a única coisa que tenho vontade é de morrer", destaca Chará. "Isso, morrer."
A queixa coletiva é antiga e a Orygen afirma que a intenção de levar a luz elétrica a Pampa Clemesí está cada vez mais perto de se tornar realidade.
"Nós nos unimos ao projeto do governo de levar a energia elétrica para Pampa Clemesí e destacamos uma linha exclusiva de eletricidade para eles", declarou à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC) o diretor-executivo da Orygen no Peru, Marco Fragale.
"Além disso, deixamos pronta a primeira fase do projeto de eletrificação, que consiste em 53 torres de energia prontas para funcionar", segundo ele.
O trabalho da Orygen também incluiu a instalação de cerca de 4 mil metros de cabos subterrâneos, para levar o fornecimento de energia até o povoado.
Fragale afirma que a parte da empresa no compromisso já está completa. Ela exigiu um investimento de cerca de US$ 800 mil (cerca de R$ 4,45 milhões) e já é possível ver os postes do povoado. Mas a luz não chega.

A matéria na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo

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