
22/07/2025
Há dezoito anos, larvas de ostras cultivadas começaram morrer de forma massiva, intrigando os gerentes de criadouros no Noroeste do Pacífico, nos Estados Unidos, e ameaçando uma parte significativa da economia da região.
Até 90% das ostras-do-Pacífico cultivadas —a espinha dorsal da indústria— estavam sendo dizimadas. Empresas como a Fazenda de Frutos do Mar Taylor, a maior produtora do país, agora administrada pela quinta geração da família Taylor, estavam à beira da catástrofe.
"Foi uma crise, a indústria estava prestes a entrar em colapso", disse Bill Dewey, porta-voz da fazenda, com sede em Shelton, no estado de Washington.
O culpado, descobriu-se, era um oceano cada vez mais ácido, e as pesquisas para resolver o mistério impulsionaram o estado para a vanguarda dos esforços mundiais para entender e compensar a composição química dos mares, que está mudando.
Agora, a corrida global contra a acidificação dos oceanos está se intensificando à medida que os níveis de dióxido de carbono (CO2) nos mares aumentam. Um estudo recente descobriu que os oceanos do mundo cruzaram um "limite planetário" em 2020 e alertou que as coisas estavam piores do que se pensava anteriormente. Os pesquisadores disseram que as condições deterioradas poderiam "resultar em declínios significativos em habitats adequados para importantes espécies calcificadoras", incluindo recifes de coral e bivalves.
"Estamos vendo uma mudança muito significativa na taxa de acidificação", disse Richard Feely, oceanógrafo químico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa, na sigla em inglês) em Seattle, que tem estudado o problema desde que surgiu pela primeira vez, e autor do artigo recente. "A taxa de mudança mostrou uma alteração muito mais rápida nos últimos 50 anos do que nos 200 anos anteriores. A expectativa é que, enquanto contiuarmos liberando dióxido de carbono na atmosfera, essa taxa continue a aumentar."
Quanto a exceder um limite planetário, isso significa que "ainda não cruzamos um limite crítico, mas não estamos mais na zona segura", disse Feely.
E à medida que a taxa de acidificação aumenta, os cientistas estão considerando opções drásticas e controversas para tentar conter os danos que estão enfraquecendo os esqueletos dos recifes de coral, os habitats de milhões de espécies e as conchas de animais bivalves e zooplâncton, essenciais para a cadeia alimentar marinha.
Ostras, mexilhões e outros bivalves desempenham um papel essencial nos ecossistemas marinhos —eles filtram e limpam a água, fornecem alimento para aves e caranguejos, protegem as costas e criam habitat para outras espécies.
Um dos primeiros remédios bem-sucedidos foi a introdução de carbonato de sódio na água do mar nos criadouros. Agora, os especialistas estão explorando contramedidas muito mais extensas: adicionar minerais ao longo das costas para lavar água alcalina no mar; construir instalações de alta tecnologia que removem a acidez do oceano; e criar novos tipos de ostras resistentes a níveis mais altos de acidez.
Mas os pesquisadores alertam que alguns dos métodos sendo estudados para mudar a química do oceano podem desencadear efeitos adversos não intencionais em outras espécies e nos próprios mares.
Além disso, é esperado que cortes no financiamento federal para pesquisa científica tenham um impacto significativo nessa pesquisa. O governo Trump propôs eliminar o financiamento para vários programas oceânicos supervisionados pela Noaa, incluindo um sistema de observação fundamental que produtores usam para monitorar condições da acidez em tempo real.
E muitos funcionários da Noaa se aposentaram ou foram demitidos. "Trabalhamos em estreita colaboração com parceiros federais e dependemos de dados da Noaa", disse Jodie Toft, diretora executiva do Fundo de Restauração de Puget Sound. "Sentimos que isso está em risco."
Sem mitigação, a acidificação dos oceanos terá um impacto significativo na indústria de mariscos e nos consumidores, de acordo com um estudo governamental publicado em 2020. Quase todas as ostras consumidas pelos americanos são cultivadas.
No Noroeste do Pacífico, a maioria dos mariscos cultivados é criada no estado de Washington, gerando uma indústria avaliada em US$ 270 milhões por ano e fornecendo mais de 3.000 empregos. No geral, a indústria de ostras é um importante motor econômico da Califórnia Central até a Colúmbia Britânica.
A reportagem na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo
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