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Obras da COP30 em Belém revelam tesouros arqueológicos; veja fotos

08/07/2025

A realização de diversas obras em Belém para a COP30, que acontece em novembro, tem revelado verdadeiros tesouros arqueológicos. Entre eles, uma embarcação do século 19, galerias subterrâneas, muros de arrimo, cerâmicas indígenas e de populações negras, louças e garrafas europeias e moedas.
Augusto Miranda, arqueólogo da superintendência do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no Pará, conta que era esperado encontrar sítios e vestígios arqueológicos em meio a tantas atividades de revolvimento de solo na cidade, principalmente em áreas centrais e próximas ao rio.
"Esses achados são importantes porque recontam uma história que, muitas vezes, está esquecida ou nem foi contada. Normalmente, a gente supervaloriza a materialidade do colonizador em detrimento das populações originárias ou trazidas à força da África."
A descoberta mais vultosa aconteceu no início das escavações, em agosto passado: uma embarcação encontrada sob a calçada e o asfalto, próxima ao antigo porto. O achado aconteceu durante a construção do parque linear da avenida Visconde de Souza Franco, a Doca, no bairro do Reduto.
"Ela é do século 19, feita de ferro, possivelmente movida a vapor e de fabricação estadunidense, e está em um contexto em que a gente não tem essa materialidade na Amazônia, a não ser em relatos", afirma Miranda, que também é historiador.
A parte encontrada corresponde à proa e a cerca de metade da embarcação, totalizando 20 metros de comprimento, 8 m de largura (na parte mais ampla), 2,70 m de altura e cerca de 22 toneladas.
Na área onde hoje se encontra a avenida Doca, com o seu famoso canal, ficava o Igarapé das Almas, que era navegável por, pelo menos, cerca de 500 metros, até o antigo Mercado do Reduto, onde atualmente fica o ginásio Altino Pimenta. Por lá chegavam pequenos barcos de madeira, com produtos para venda no local.
"Mas a embarcação encontrada está fora desse contexto, pois, pelas suas dimensões, não era navegável no Igarapé, mas em águas profundas, por isso estava mais próxima à baía. E era feita de ferro, possivelmente para transporte de carga. E um dado importante: ela é uma embarcação abandonada, não afundada, e a cidade cresceu em cima dela, com aterros e as ruas."
A embarcação está sendo restaurada em uma tenda montada a poucos metros de onde ela foi descoberta, e será exposta ao ar livre, no parque Porto Futuro 1, segundo o Iphan.
"Neste momento, estamos finalizando a limpeza da embarcação com jato seco, para preservar ao máximo o material, e depois aplicaremos um consolidante [espécie de verniz], para que ela possa ficar protegida das intempéries", explica a arquiteta, conservadora e restauradora Tainá Arruda, que comanda a equipe responsável pelo restauro.
Para Miranda, a exposição do barco é importante "para a população ver e compreender Belém como ela é". "É uma cidade na beira do rio, que tinha vários rios dentro dela, que estava em um contexto em que respirava esse rio. Existe um carimbó clássico chamado ‘Esse Rio É Minha Rua’ [de Paulo André e Ruy Barata], e é exatamente essa a percepção da cidade neste contexto."
Uma das peças favoritas de Tainá é uma moeda que foi encontrada presa na estrutura da proa da embarcação. "Ficamos muito felizes de encontrá-la porque, até então, as peças achadas eram realmente de embarcação, como quilhas e rebites", conta.
A moeda é de 20 réis, de 1781, e traz a inscrição ‘MARIA I E PETRUS III DGPE BRASIL REGES’." Segundo o site da Sociedade Numismática Brasileira, a frase, que aparece abreviada em latim, significa "Maria 1ª e D. Pedro 3º, por graça de Deus, regentes de Portugal e do Brasil", referente ao reinado de Maria 1ª, casada com Dom Pedro 3º.
Outra descoberta importante foram galerias subterrâneas, na obra de implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto nas imediações do Mercado Ver-o-Peso, um dos principais cartões-postais de Belém, às margens da baía do Guajará.
"São estruturas em tijoleira, em forma de arco, que foram construídas, principalmente, para absorver a alta da maré. Elas se encontram por debaixo das ruas da frente da cidade, no centro histórico", diz o historiador Kelton Mendes, sócio-proprietário da empresa Amazônia Arqueologia, que realiza o acompanhamento de várias obras da COP30.
As galerias datam dos séculos 18 e 19 e a maior parte delas têm cerca de 60 cm de altura por 60 cm largura, mas algumas podem chegar a 1,90 m de altura por 1 m de largura.

Conclua a leitura desta reportagem clicando na Folha de S. Paulo

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