
24/06/2025
O Governo de Goiás interditou nesta quinta-feira (19) um aterro controlado onde uma montanha de lixo desmoronou na quarta (18) em Padre Bernardo, cidade localizada no entorno do Distrito Federal. As autoridades dizem que o desabamento contaminou um córrego e um rio próximos ao lixão.
De acordo com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), duas pessoas foram hospitalizadas com suspeitas de intoxicação. O estado de saúde delas não foi detalhado.
O órgão do governo federal participou em conjunto de operação estadual para a interdição do aterro Ouro Verde.
O ICMBio disse que o lixão funcionava ilegalmente dentro da zona de conservação da APA (área de proteção ambiental) da Bacia do Rio Descoberto, que abastece parte do Distrito Federal. A empresa foi notificada a iniciar um processo de mitigação e recuperação ambiental.
"Durante a vistoria, foram encontrados diversos tipos de resíduos irregulares, incluindo lixo hospitalar. Os técnicos constataram que a operação do aterro vem causando contaminação no rio do Sal, integrante da Bacia do Tocantins", disse o órgão, em nota.
Procurado via advogada, o aterro Ouro Verde não respondeu.
A Semad (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás) afirmou que análise preliminar de seu laboratório confirmou a contaminação de água superficial do córrego Santa Bárbara, afluente do rio do Sal.
"A primeira análise realizada com um equipamento chamado sonda multiparamétrica identificou grande alteração na condutividade da água, na salinidade e na presença de sólidos totais dissolvidos (TDS). A detecção desses sólidos totais é um forte indicativo da presença de metais pesados, que são característicos do chorume", afirmou a pasta.
Além do embargo à operação do lixão, a secretaria apreendeu cinco máquinas que trabalhavam no local, exigiu do aterro um plano para o recolhimento do material que se deslocou e montou um gabinete de crise com outros órgãos estaduais.
Os moradores de residências rurais que costumam consumir a água do córrego foram informados por agentes da Defesa Civil e por envio de SMS do risco de contaminação.
O lixão já havia sido alvo de penalidades do ICMBio, que chegou a aplicar uma multa de R$ 1 milhão em 2023, e do governo goiano, que diz ter aplicado sanções desde 2016 por supostas irregularidades ambientais no local.
Em 2021, os ministérios públicos federal e de Goiás ajuizaram ação civil pública requerendo a interdição do aterro.
Uma liminar chegou suspender a operação do aterro, mas foi derrubada por decisão do Tribunal Regional Federal. Desde então, a Promotoria afirma que o lixão permaneceu em operação sem apresentar estudos ambientais adequados.
"É a situação mais esdrúxula que eu conheço. Queríamos evitar a tragédia, mas ela veio e comprova o que o Ministério Público apontou no início: que aquela é uma região muito sensível e que o aterro nunca funcionou de forma adequada", explica a promotora Daniela Haun Serafim, coordenadora da área de meio ambiente do Ministério Público de Goiás.
Segundo ela, o empreendimento se declara como aterro mas funciona como lixão por adotar práticas que implicam em crimes ambientais como derramamento de chorume no solo, poluição das águas do rio e emissão de odores que prejudicam as comunidades locais.
A matéria na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo
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