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Barrar crise do clima pode salvar metade das geleiras em risco, diz estudo

03/06/2025

Mais de três quartos das geleiras do mundo estão a caminho de desaparecer se o aquecimento global continuar descontrolado, o que pode aumentar o nível do mar e colocar em risco o abastecimento de água para bilhões de pessoas, alerta um estudo divulgado na quinta-feira (29).
Publicado na revista Science, a análise internacional mostra que cada fração de grau no aumento da temperatura global piora significativamente o prognóstico.
Os resultados podem parecer sombrios, mas devem ser vistos como uma "mensagem de esperança", diz à AFP Harry Zekollari, glaciologista da Vrije Universiteit Brussel, na Bélgica, e da ETH Zurich, na Suíça, e coautor do estudo.
Seguindo as políticas climáticas atuais, as temperaturas globais devem atingir 2,7 graus Celsius acima dos níveis anteriores à era industrial até 2100, o que eliminaria 76% da massa glaciar atual.
Mas se o aquecimento for mantido na meta de 1,5ºC estabelecida pelo Acordo de Paris, 54% da massa glaciar poderia ser preservada, indica o estudo, que combinou resultados de oito modelos de geleiras para simular a perda de gelo em diversos cenários climáticos futuros.
"O que é realmente especial neste estudo é que podemos mostrar como cada décimo de grau de aquecimento adicional realmente importa", explica outra autora, Lilian Schuster, da Universidade de Innsbruck, na Áustria.
A pesquisa veio à tona após o colapso, na quarta-feira (28), de uma geleira no sul da Suíça, que deixou uma pessoa desaparecida e destruiu uma vila. Embora as geleiras suíças tenham sido fortemente afetadas pelas mudanças climáticas, ainda não está claro quanto do desastre foi causado pelo aquecimento global ou por forças geológicas naturais.
Das cordilheiras aos Alpes austríacos e ao monte Kilimanjaro, na África, há geleiras em todos os continentes, exceto na Austrália. Embora a maioria esteja concentrada nas regiões polares, sua presença em cadeias montanhosas ao redor do mundo as torna cruciais para os ecossistemas e para as comunidades humanas.
As geleiras —vastas massas de neve, gelo, rocha e sedimentos que ganham massa no inverno e a perdem no verão— se formaram no passado remoto da Terra, quando as condições eram muito mais frias do que hoje.
A água do degelo alimenta rios essenciais para a agricultura, a pesca e o abastecimento de água potável, e sua perda pode ter efeitos em cadeia profundos, desde a interrupção de economias baseadas no turismo até a erosão do patrimônio cultural.
Nos últimos anos, funerais simbólicos de geleiras foram realizados na Islândia, Suíça e México.
"Sempre me perguntam: por que você é glaciologista na Bélgica?", conta Zekollari. "Bem, as geleiras estão derretendo em todos os lugares...", responde ele.
Cerca de 25% do aumento atual do nível do mar é atribuído ao derretimento de geleiras.
Mesmo que o uso de combustíveis fósseis fosse interrompido hoje, o estudo conclui que 39% da perda da massa glaciar já está garantida — o suficiente para aumentar o nível do mar em pelo menos 113 milímetros.
O estudo determinou que algumas geleiras são muito mais vulneráveis do que outras. Espera-se que aquelas nos Alpes europeus, nas Montanhas Rochosas dos Estados Unidos e Canadá, e na Islândia, percam quase todo o seu gelo com um aquecimento global de 2ºC.
Nas partes central e oriental da cordilheira do Himalaia, cujos rios sustentam centenas de milhões de pessoas, apenas 25% do gelo glaciar permaneceria com um aquecimento de 2ºC. Por outro lado, na zona ocidental, poderia ser retido 60% do gelo à mesma temperatura, graças à sua ampla faixa de elevações, que permite que algumas geleiras persistam em altitudes mais frias e elevadas, explica Schuster.
A perda de geleiras já está afetando comunidades. Em um comentário sobre o estudo, anexado pela Science, Cymene Howe e Dominic Boyer, da Universidade Rice, nos Estados Unidos, descrevem como o recuo da geleira Glisan, em Oregon, ameaça a subsistência do povo indígena quinault.
"Infelizmente, perderemos muito, mas com metas ambiciosas ainda podemos salvar muitas dessas geleiras, que não são apenas belas, mas vitais para o fornecimento de água, regulação do nível do mar, turismo, hidrelétricas, valores espirituais, ecologia e muito mais", enfatiza

Fonte: Folha de S. Paulo

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