
29/05/2025
Em uma noite totalmente escura, observo o horizonte repleto de estrelas.
Mas não estou olhando para o céu, iluminado por centenas de constelações. Trata-se do banco enlameado de um rio, ocupado por uma colônia de "vermes brilhantes".
"Esta é minha televisão", conta David Finlay. "É mágico, parece ter saído de Avatar."
De dia, Finlay trabalha como gerente de transporte. Mas, à noite, ele vasculha a mata nativa e as praias australianas em busca de luzes vivas.
"Se você ficar trancado em casa, perde estas coisas", defende ele. "Enquanto todo mundo se aninha à noite, eu penso: ´como posso me divertir?´"
Criaturas bioluminescentes se escondem em muitos cantos do mundo. Mas a região de Illawarra, no litoral de Nova Gales do Sul, na Austrália, é um ímã que atrai fenômenos brilhantes.
Ali, a poluição luminosa é baixa. Com muita chuva e alta umidade, forma-se um microclima ideal para que estas criaturas possam se reproduzir e capturar suas presas.
Muitas delas se aglomeram ao longo das escarpas de Illawarra, um conjunto de rochedos de arenito, ladeados por florestas que levam ao Oceano Pacífico.
"O habitat das nossas escarpas é especial", explica Finlay. "É uma floresta subtropical preservada, que ajuda a proteger as frágeis formas de vida bioluminescentes."
Da sua casa na cidade de Kiama, Finlay pode identificar os "quatro grandes" andando de carro por uma hora: centelhas-do-mar, um tipo de plâncton que tinge o oceano de um azul elétrico; fungos-fantasmas, que são cogumelos que irradiam um tom de verde misterioso; e duas espécies de vaga-lumes, que iluminam o céu noturno como se fossem lanternas minúsculas.
Estes fenômenos naturais são notoriamente imprevisíveis e instáveis. Eles são determinados pelas estações e por padrões climáticos e luminosos.
Eles também são extremamente frágeis. Existem cada vez mais evidências de que as criaturas bioluminescentes estão em declínio, devido às mudanças climáticas e à interferência humana.
Mas, para um número cada vez maior de caçadores de brilhos, como Finlay, que fazem suas visitas com todo cuidado, o desafio faz parte da aventura.
Encontro Finlay em uma clareira perto de Cascade Falls, uma cachoeira localizada no Parque Nacional Macquarie Pass. O sol se pôs há apenas uma hora, mas estamos imersos na escuridão.
É noite de sexta-feira. Enquanto a maioria das pessoas usa luzes artificiais para ficar torrando até o final da semana, estamos em busca de brilhos naturais na escuridão da noite.
Caminhamos por uma trilha que passa por imensos eucaliptos. As lanternas nas nossas cabeças lançam luz vermelha, para perturbar a vida selvagem o mínimo possível.
A lua cheia nos orienta de cima e o fluxo do rio nos acompanha, guiando nossos passos até a cachoeira.
"Se algo passar voando junto ao seu rosto, provavelmente é apenas um morcego minúsculo", alerta Finlay. "Eles são muito gentis, apenas procuram insetos para comer."
Ele conta que o microclima de Cascade Falls é ideal para os vaga-lumes.
Uma das espécie é conhecida como glow worms ("vermes brilhantes", em tradução literal). Mas, na verdade, eles não são vermes.
Na Austrália e na Nova Zelândia, eles são as larvas do mosquito-dos-fungos. Em outras partes do mundo, o brilho costuma vir de besouros.
Eles se escondem em lugares úmidos e escuros, como cavernas, túneis abandonados ou densas florestas tropicais.
Estes insetos são endêmicos na Austrália e na Nova Zelândia. Muitos turistas visitam pontos icônicos no monte Tamborine, no Estado australiano de Queensland. Mas existem colônias menos conhecidas que podem ser observadas, se você souber onde procurar.
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