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Fungos mortais podem se espalhar pelo mundo com o aquecimento global

27/05/2025

O aumento das temperaturas poderá impulsionar a disseminação global de um fungo mortal que infecta milhões de pessoas por ano, de acordo com novas pesquisas sobre como as mudanças climáticas estão alimentando graves ameaças de doenças.
A família Aspergillus poderá expandir seu alcance para faixas mais setentrionais da Europa, Ásia e Américas, destacando a ameaça sorrateira dos mofos que já são estimados como sendo um fator em 5% de todas as mortes mundiais.
As mudanças climáticas estão ampliando o alcance geográfico de muitos patógenos potencialmente letais, como aqueles transmitidos por mosquitos. Os fungos são um perigo em particular devido aos seus esporos difíceis de detectar, à escassez de tratamentos para as doenças que desencadeiam e à crescente resistência aos medicamentos existentes.
O mundo está agora se aproximando de um ponto de inflexão na proliferação de patógenos fúngicos cujos habitats variam de terras áridas a cantos úmidos e quentes de casas, alertou Norman van Rhijn, coautor da nova pesquisa sobre Aspergillus.
"Estamos falando de centenas de milhares de vidas e mudanças continentais nas distribuições de espécies", disse Van Rhijn, pesquisador do Wellcome Trust na Universidade de Manchester, especializado em infecções fúngicas e evolução microbiana. "Em 50 anos, onde as coisas crescem e com o que você se infecta será completamente diferente."
O fungo fictício que altera o cérebro, retratado na série de televisão pós-apocalíptica "The Last of Us" como exterminando grande parte da humanidade, trouxe a ameaça para um público mais amplo. Mas o perigo no mundo real ainda é subestimado.
A micologia, o estudo dos fungos, é um campo de muitos mistérios. Mais de 90% das espécies de fungos "permanecem desconhecidas para a ciência", de acordo com um relatório de 2023 dos Jardins Botânicos Reais de Kew, no Reino Unido. Isso os torna muito menos compreendidos do que grandes partes dos reinos vegetal e animal.
Cerca de 3,8 milhões de pessoas morrem por ano com infecções fúngicas invasivas, sendo o patógeno a principal causa de morte em 2,5 milhões desses casos, segundo pesquisa publicada no ano passado.
Um perigo importante é a aspergilose, uma doença pulmonar causada por esporos de Aspergillus que podem se espalhar para outros órgãos, incluindo o cérebro. Muitas infecções são detectadas tardiamente ou nunca, por causa da falta de familiaridade dos profissionais médicos ou porque os sintomas são confundidos com os de outras condições.
O Aspergillus, que ganhou esse nome no século 18 por sua semelhança com um dispositivo usado para aspergir água benta, trouxe benefícios à humanidade, além de perigos.
Algumas espécies têm usos que vão desde a química industrial até a fermentação de molho de soja e saquê. Outras, porém, são potencialmente perigosas para a saúde.
Embora a maioria das pessoas não adoeça ao inalar esporos de Aspergillus, a taxa de mortalidade pode ser alta se a infecção se estabelecer. Eles são uma ameaça particular para o número crescente de pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos por condições como asma ou fibrose cística, ou por tratamentos médicos como quimioterapia.
A espécie Aspergillus fumigatus foi considerada como 1 dos 4 patógenos fúngicos críticos que representavam o maior risco, de acordo com a primeira lista de ameaças desse tipo publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022.
A mais recente pesquisa sobre fungos, financiada pela Wellcome e divulgada no início deste mês, apontou que o A. fumigatus pode se espalhar para um território adicional de 77% até 2100 se o mundo continuar a usar combustíveis fósseis intensamente. Seu alcance avançaria em direção ao polo Norte, expondo mais 9 milhões de pessoas na Europa à infecção.
A espécie pode crescer "surpreendentemente rápido" em altas temperaturas no composto onde vive, segundo a professora Elaine Bignell, codiretora do Centro MRC para Micologia Médica na Universidade de Exeter.
Isso pode tê-lo equipado para sobreviver e prosperar nas temperaturas do corpo humano de cerca de 37°C. "Seu estilo de vida no ambiente natural pode ter proporcionado ao A. fumigatus a vantagem adaptativa necessária para colonizar os pulmões humanos", disse Bignell.
Uma segunda espécie no estudo mais recente, Aspergillus flavus, vive em muitas culturas e poderia se espalhar para um território adicional de 16% até 2100, projetam os pesquisadores.
Isso lhe daria novos ou maiores pontos de apoio no norte da China, Rússia, Escandinávia e Alasca, enquanto tornaria alguns habitats existentes em países africanos e no Brasil inóspitos. Esse desaparecimento teria efeitos mistos, pois perturbaria ecossistemas nos quais o Aspergillus desempenha um papel vital na reciclagem de produtos químicos cruciais para a vida.

Conclua a leitura desta reportagem clicando na Folha de S. Paulo

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