
22/05/2025
Em um resultado embalado por "um aumento catastrófico de incêndios florestais" em várias regiões, o planeta bateu recordes de perda de cobertura florestal em 2024. País com maior área de floresta tropical, o Brasil liderou, mais uma vez, o ranking internacional da devastação em termos de extensão, com 42% de toda a perda de floresta tropical primária no mundo.
Os dados são da plataforma Global Forest Watch (GFW), da ong WRI (World Resources Institute), que utiliza dados do laboratório GLAD da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Pela primeira vez desde que o monitoramento começou, em 2002, os incêndios superaram a agropecuária como principal causa de supressão de florestas tropicais no mundo, causando praticamente a metade de toda a destruição mapeada. Em anos anteriores, os fogos representavam cerca de 20% do total.
Em mais um ponto inédito na série histórica do levantamento, foram registrados incêndios de grandes proporções tanto nos trópicos quanto nas florestas boreais, com destaque para grandes áreas ardidas no Canadá e na Rússia.
Os incêndios que castigaram o Brasil também chamaram a atenção, com 66% da perda de cobertura florestal no país em 2024 sendo causada pelas chamas, alimentadas por uma das piores secas da história. Isso representa um aumento de quase seis vezes em relação ao ano anterior.
As chamas não foram o único problema enfrentado pelos biomas brasileiros. A perda de floresta primária por outras causas aumentou 13%, em um resultado puxado principalmente pela exploração de soja e gado em larga escala.
Ainda assim, o resultado ficou abaixo dos valores registrados no começo dos anos 2000 e durante o governo de Jair Bolsonaro.
"O Brasil progrediu no governo Lula, mas a ameaça às florestas ainda persiste. Sem investimentos sustentados na prevenção de incêndios florestais, fiscalização mais rigorosa nos estados e foco no uso sustentável da terra, conquistas arduamente conquistadas correm o risco de serem desfeitas", disse Mariana Oliveira, diretora do programa de florestas e uso da terra do WRI Brasil.
"Enquanto o Brasil se prepara para sediar a COP30, tem uma oportunidade poderosa de colocar a proteção florestal em primeiro plano no cenário global", completou ela, relembrando o papel de protagonismo exercido pelo país por conta da próxima Conferência do Clima da ONU, que acontece em novembro em Belém (PA).
A devastação no Brasil se expandiu por vários biomas. A amazônia teve a maior perda de cobertura de árvores desde 2016. Já o pantanal enfrentou a maior perda de cobertura arbórea do país.
A perda total de florestas primárias foi de 2,8 milhões de hectares, sendo que desses, 1,8 milhão de hectares foi causada por incêndios.
Em todo o mundo, a supressão de florestas primárias tropicais foi quase o dobro da registrada em 2023, chegando a 6,7 milhões de hectares, o que representa uma área próxima ao território do Panamá. Isso significa uma perda de quase 18 campos de futebol por minuto.
"Este nível de perda florestal é diferente de tudo que vimos em mais de 20 anos de dados", disse Elizabeth Goldman, codiretora do Global Forest Watch do WRI. "É um alerta vermelho global, um chamado coletivo à ação para cada país, cada empresa e cada pessoa que se preocupa com um planeta habitável. Nossas economias, nossas comunidades, nossa saúde, nada disso pode sobreviver sem florestas."
Principal causa de perda florestal no planeta neste ano, os incêndios, quando ocorrem nas florestas tropicais, frequentemente estão ligados às atividades humanas. É comum que o fogo iniciado em áreas agrícolas ou na preparação da terra para um novo ciclo de cultivo acabe saindo de controle.
Declarado o ano mais quente da história da humanidade e o primeiro a ultrapassar a barreira de 1,5ºC de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais, 2024 teve condições climáticas extremas exacerbadas pelas mudanças climáticas e pela ocorrência do fenômeno El Niño. Além de se intensificarem, os incêndios também se tornaram mais difíceis de controlar.
As matas do planeta, porém, também sofreram por outras razões. No maior aumento desde 2016, a perda de florestas primárias tropicais ligada a outras causas cresceu 14%.
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