
20/05/2025
Os axolotes (Ambystoma mexicanum) são anfíbios raros, ameaçados de extinção e que têm uma figura absolutamente encantadora – são “fofinhos”, super fofinhos, para usar a palavra mais popular. E, no México, alguns desses anfíbios estão retornando ao seu habitat natural depois de um programa de reprodução em cativeiro bem-sucedido. Uma ótima notícia para uma das espécies mais ameaçadas do planeta.
Foram 18 indivíduos liberados em pântanos criados artificialmente, remanescentes do histórico Lago Xochimilco, e pântanos naturais restaurados por meio de uma parceria com fazendeiros locais.
A Dra. Alejandra Ramos e o Dr. Luis Zambrano, da Autonomous University of Baja California, estão por trás da reprodução e reintrodução destas salamandras na natureza e comemoram os resultados. “A notícia surpreendente é que todos sobreviveram, e não só isso, mas os que recapturamos ganharam peso, então eles estão caçando”, conta Alejandra.
A América Latina tem muitas espécies nativas e carismáticas de axolotes que passaram a ser ameaçados pela caça ilegal justamente por sua aparência encantadora. Além disso, a perda do habitat natural também influenciou a queda do número de indivíduos.
O início desta história pode ter sido há mais de 300 anos, quando a conquista espanhola dos astecas terminou e os lagos da área onde hoje está a Cidade do México foram drenados. Esses lagos semi-subterrâneos eram os refúgios secretos da espécie, que hoje é considerada Criticamente Ameaçada pela IUCN.
No entanto, isso pode ser considerado um pouco de exagero, já que existem muitos axolotes, espalhados por milhares de aquários ao redor do mundo. O ideal seria que eles estivessem livres na natureza, mas saber que existem indivíduos vivos em cativeiro é uma esperança.
Os axolotes são seres únicos, considerados descendentes do deus do fogo pelo povo asteca. Entre suas características únicas está a “neotenia”, na qual o desenvolvimento de um organismo, do embrião à maturidade, é retardado e condensado, resultando em pedomorfismo. Entre os anfíbios, eles também são incomuns por atingirem a idade adulta sem qualquer forma de metamorfose, como no caso de sapos e rãs.
Além disso, essas salamandras são capazes de regenerar qualquer parte do corpo que perder sem morrer. Essa capacidade fez com que a espécie se tornasse objeto de pesquisas científicas para para fins medicinais. Mas para a Dra. Alejandra Ramos e Luis Zambrano, o valor da conservação dos axolotes vai muito além destas características e possíveis descobertas, a espécie é um um símbolo mexicano, um ícone da terra e de sua herança.A Cidade do México é uma megalópole, e as águas turvas dos cinco antigos e sagrados lagos alimentados por nascentes onde vivem os axolotes têm um longo caminho a percorrer para se recuperarem. Os cientistas demonstraram, no entanto, que, se dedicarmos tempo para oferecer, mesmo que seja só um pouquinho, uma ajuda — instalaram filtros naturais na área úmida artificial da pedreira para purificar a água —, este pequeno deus do fogo, perpetuamente sorridente, pode continuar a viver.
“Se pudermos restaurar este habitat de zonas húmidas e restaurar a população de axolotes numa cidade com mais de 20 milhões de pessoas, sinto que temos esperança para a humanidade”, acredita o Dr. Zambrano.
Outra espécie que trouxe esperança para pesquisadores e conservacionistas no México é um coelho que não era visto desde 1904. O coelho Omiltemi ( Sylvilagus insonus ), é uma espécie endêmica do México e a equipe do ecologista José Alberto Almazán-Catalán conseguiu capturar imagens irrefutáveis do animal após cinco anos de expedições. Ele foi encontrado nas florestas nubladas da Sierra Madre del Sur, uma região remota e pouco estudada. Sua recente redescoberta representa um marco para a ciência e a conservação da biodiversidade.
O registro foi possível graças ao trabalho de José Alberto e da equipe no Instituto de Gestão e Conservação da Biodiversidade (INMACOB). Durante cinco anos, eles realizaram expedições em áreas montanhosas de difícil acesso, com base em informações locais e evidências visuais recentes.
Armadilhas fotográficas estrategicamente posicionadas capturaram imagens do coelho em seu habitat natural, confirmando que a espécie ainda vive nas florestas nubladas de coníferas em grandes altitudes. Este ambiente, caracterizado pela umidade e densa vegetação, historicamente foi pouco explorado pela comunidade científica.
Ao contrário do coelho comum, o coelho Omiltemi tem uma cauda curta e preta e uma estrutura corporal mais compacta. Durante décadas, essa diferença sutil contribuiu para sua confusão com outras espécies mais comuns, dificultando sua identificação precisa.
As comunidades locais desempenharam um papel essencial na redescoberta. Durante anos falaram de um “coelho de cauda escura”, mas seus testemunhos foram ignorados. Foi graças à entrega de espécimes recentes e à colaboração direta com os pesquisadores que os critérios de busca foram redefinidos e as áreas com maior probabilidade de descoberta foram identificadas.
Este exemplo reforça a importância de integrar o conhecimento tradicional aos estudos de conservação. Além disso, os moradores demonstraram disposição de adaptar suas práticas de caça caso a espécie esteja em risco. O projeto fez parte da iniciativa Busca por Espécies Perdidas da Re:wild e representa a 13ª redescoberta bem-sucedida dessa campanha global.
A redescoberta do coelho Omiltemi não é apenas uma curiosidade científica, ela tem importantes consequências ecológicas. Como são presas de predadores como cobras, corujas, jaguatiricas, pumas e coiotes , sua presença ajuda a manter o equilíbrio do ecossistema. Além disso, contribui para a dispersão de sementes e para a saúde do solo florestal. Com esses dados, organizações internacionais como a Lista Vermelha da IUCN podem ajustar suas avaliações e recomendações de conservação.
Fonte: CicloVivo
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