
13/05/2025
Há centenas de milhões de anos, o céu do que hoje chamamos de Brasil era dominado por répteis alados enormes, que chegavam a até seis metros de envergadura.
Os pterossauros sobrevoaram cada canto do país — mas, por questões geológicas, só encontramos registros fósseis de algumas das espécies em dois lugares específicos: o Ceará e o Paraná.
No recém-lançado livro Pterossauros do Brasil (Editora Peirópolis), que conta com ilustrações de Julio Lacerda, o paleontólogo Luiz Eduardo Anelli apresenta as particularidades desses seres ancestrais, que são frequentemente confundidos com os dinossauros.
Em entrevista à BBC News Brasil, o especialista destacou quatro espécies de pterossauros "brasileiros" com características únicas (veja mais detalhes a seguir), como cristas enormes, cabeças colossais, hábitos solitários ou uma facilidade para capturar peixes no mar.
"A pré-história nos educa, nos entretém, nos aproxima da Ciência e nos ajuda a pensar", reflete Anelli, que é professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP).
"Mais importante, a pré-história põe livros nas mãos das crianças", complementa ele.
O paleontólogo lembra que o Mesozoico — a era dos dinossauros e dos pterossauros — compõe apenas 4% de toda a história da Terra.
"Mas posso dizer que não existe um intervalo de tempo tão extraordinário em termos de Geologia e Biologia. Esse é o momento em que a Geografia atual do planeta se molda, os mamíferos nascem, as plantas com flores brotam… Quase tudo o que vivemos hoje foi semeado durante a era dos dinossauros", diz Anelli.
O paleontólogo explica que esses seres são classificados como répteis arcossauros, um grupo que praticamente dominou o mundo durante a era mesozoica — que compreende os períodos triássico, jurássico e cretáceo.
Essa turma inclui não apenas os pterossauros, mas também os dinossauros e os crocodilomorfos.
"Os pterossauros são encontrados no registro geológico por volta de 219 milhões de anos atrás, no final do período triássico", calcula o paleontólogo.
Isso significa que eles surgiram entre 10 e 15 milhões de anos depois dos primeiros dinossauros.
Aliás, os dinos mais antigos já encontrados no mundo vêm da região Sul do Brasil — e Anelli especula que dois outros fósseis escavados no Rio Grande do Sul podem ser os precursores (ou parentes ancestrais) a partir dos quais os pterossauros evoluíram.
Falamos aqui dos lagerpetídeos Ixalerpeton polesinensis e Venetoraptor gassenae, que viveram no período Triássico, ao redor de 225 milhões de anos atrás.
"Não há dúvidas de que os pterossauros voavam em cada centímetro quadrado do céu da América do Sul durante a era mesozoica", diz Anelli.
Mas o professor destaca que a Geologia determina quais fósseis serão preservados — e quais se perderão ao longo do tempo.
Por uma série de fatores como a dinâmica das rochas, o leito dos rios, o mar, o vento, entre outros, o Paraná e o Ceará têm áreas onde hoje é possível encontrar ossos fossilizados dos antigos pterossauros.
"Devem existir pterossauros guardados em rochas de vários outros Estados do Brasil, mas eles estão a mais de 3 quilômetros de profundidade", estima o paleontólogo.
Questionado pela BBC News Brasil sobre as espécies de pterossauros brasileiros com características singulares, Anelli destacou quatro delas — duas "cearenses" e duas "paranaenses".
Você pode conferir detalhes sobre essas espécies nas imagens a seguir:
O especialista conta que é possível encontrar dezenas de milhares de fósseis do Caiuajara dobruskii — que tinha uma crista bem imponente.
Continue lendo essa matéria clicando no g1
Novos registros da onça-pintada no RJ mostram o felino se refrescando em rio
18/12/2025
Lupo inaugura loja construída com tijolos 100% de resíduos têxteis
18/12/2025
Zona Leste de SP ganha pontos para descarte de tintas e latas
18/12/2025
Nova Lei da Agricultura Urbana de Curitiba segue para sanção
18/12/2025
Através de felinos, projeto monitora ameaças ao pampa, bioma menos protegido do Brasil; veja fotos
18/12/2025
Comunidades tradicionais do Bico do Papagaio alertam para recuo dos rios Tocantins e Araguaia
18/12/2025
