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Vegetação próxima a sítios arqueológicos caiu 23% de 1985 a 2023 no Brasil

29/04/2025

A área de vegetação nativa no entorno dos sítios arqueológicos registrados no Brasil apresentou uma redução de quase 23% de 1985 a 2023, segundo um levantamento inédito feito pelo MapBiomas em parceria com pesquisadores da iniciativa BraziLab, da Universidade de Princeton (Estados Unidos) e do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Utilizando dados de 27.974 sítios arqueológicos cadastrados no país pelo Iphan, os cientistas avaliaram as mudanças no uso da terra e ocupação no entorno destes e viram que, em 1985, mais da metade (53,5%) do solo em uma área de até 100 metros dos sítios arqueológicos era de vegetação nativa, como florestas, savanas e campos naturais, caindo para 41,5% em 2023.
Paralelamente, novamente usando o parâmetro de 100 metros, o uso do solo era de áreas antrópicas em 41,7% da área, em 1985, passando para 49,6% em 2023, um aumento de 18,9%. A inversão mostra o cenário de avanço do desmatamento para uso em atividades humanas, como agricultura e pecuária, ameaçando ainda a descoberta e preservação do patrimônio histórico e cultural do país.
A agropecuária é a principal atividade que ameaça os sítios arqueológicos brasileiros e, nestas quase quatro décadas, teve um aumento de 13,4% na área de entorno dos sítios, passando de 38%, em 1985, para 41,5%, em 2023. Já a cobertura florestal que, em 1985, cobria 43,2% dos sítios arqueológicos, caiu para 32,5% em 2023, uma variação de 24,8%.
"Se você conservar os sítios arqueológicos, você consegue conservar todas as interações [ecológicas, sociais e patrimoniais] daquele lugar, por exemplo, se você pensar em comunidades ribeirinhas, em territórios indígenas, em quilombos, do ponto de vista do ambiente, tem toda uma interação sócio-ecológica que mantém aquele equilíbrio. No caso do avanço de áreas antropizadas, não, é uma atividade exploratória, de degradação", explica Marina Horta, professora de Meteorologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e pesquisadora associada do BraziLab, em Princeton.
Sítios arqueológicos são locais com vestígios de atividade humana pré-histórica ou do passado recente, seja de materiais como fragmentos de cerâmica, ferramentas de pedra ou ossadas, até marcas deixadas na superfície ou em rochas, como pinturas rupestres e sinais de ocupação. A identificação e o registro dos sítios é feita a partir de análise pelos órgãos competentes, como o Iphan, e podem ser preservados in loco, isto é, serem mantidos como áreas onde não é permitida nenhuma atividade de remoção, assim como terem trabalhos de escavação e retirada do material encontrado para estudo em instituições de pesquisa.
Os pesquisadores coletaram informações e modelaram as mudanças ao longo do tempo em áreas de 100 m, 200 m, 500 m e até 1 km no entorno dos sítios, mas eles preferiram basear o relatório no impacto gerado em até 100 m do local.
"Pegamos os pontos e rodamos análises para verificar o que tem influenciado esses locais, que são protegidos por lei, o que está acontecendo em termos de mudança do uso da terra e o que pode servir para prevenir isso no futuro", diz.
De acordo com os dados, colhidos até março de 2025, os biomas amazônia e caatinga concentram a maior proporção de sítios arqueológicos no país, com 10.197 (36,5% do total) e 7.004 (25%), respectivamente, seguidos por cerrado (4.914), mata atlântica (4.832), pampa (904) e pantanal (123).
É importante destacar que nos últimos 38 anos, apesar de a mata atlântica historicamente apresentar a maior proporção de sítios em áreas antrópicas (63%), a amazônia e a caatinga tiveram o maior aumento percentual de sítios nessas zonas, evidenciando a importância da preservação e da conservação desses locais nos dois biomas, avalia a pesquisadora.
"É aí que a heterogeneidade dos biomas brasileiros importa, porque estamos vendo já uma grande porção da caatinga desmatada, o avanço do desmatamento nas áreas de cerrado e amazônia, e tem essa interação muito forte com o rico patrimônio histórico brasileiro", diz.
Dentre os estados, a Bahia é a que possui o maior número de sítios cadastrados (2.718), seguida por Paraná (2.363), Minas Gerais (2.029), Rio Grande do Sul (1.885) e Piauí (1.871), onde está localizado o famoso Parque Nacional da Serra da Capivara, com as pinturas rupestres mais antigas do Brasil.

Leia a reportagem na íntegra acessando a Folha de S. Paulo

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