
20/03/2025
Em junho de 2019, uma imagem impressionante de cães da raça husky siberiano viralizou rapidamente e assombrou o mundo. Ela mostrava os animais aparentemente andando sobre a água na Groenlândia.
A foto foi tirada pelo cientista climático Steffen Olsen, do Instituto Meteorológico Dinamarquês. Ele é o líder do projeto europeu Blue Action, que pesquisa os efeitos das mudanças no Ártico sobre o clima do planeta.
"A reação me surpreendeu", ele conta. "Eu me surpreendi ao ver que tantas pessoas achavam bonita aquela foto. Eu a vi como uma situação assustadora."
Os cachorros, na verdade, estavam caminhando em meio a uma camada de água derretida, da altura de um tornozelo humano, sobre o gelo marinho em Inglefield Bredning, um sistema de 80 km de comprimento no noroeste da Groenlândia.
"Aprendi a ver a foto como uma ilusão", conta Olsen. "As pessoas não veem o gelo marinho, mas os cães andando sobre a água."
Olsen tirou a foto enquanto viajava com uma equipe de cientistas que monitorava as condições do mar e do gelo perto de Qaanaaq, uma das cidades localizadas mais ao norte do planeta. Eles recuperavam instrumentos científicos que haviam instalado durante o inverno.
"Estávamos viajando há algumas horas e ficou claro que o derretimento era muito grave... [O gelo] derreteu mais ou menos abaixo dos nossos pés enquanto caminhávamos sobre ele", relembra Olsen.
"Os caçadores locais e eu estávamos muito surpresos... procurávamos pontos secos para retirar os cães e os esquis da água e não havia nenhum em vista. Nós demos meia volta e retornamos para o litoral."
Os cachorros costumam hesitar muito para colocar as patas na água, segundo Olsen.
"Normalmente, quando encontramos água, é porque existem rachaduras no gelo marinho e os cães precisam pular sobre a água... eles odeiam isso. Mas estava realmente muito calor e achamos que eles estavam felizes por poderem refrescar os pés." Ele conta que, naquele dia, as temperaturas atingiram 14 °C.
Os cientistas conseguiram recuperar seus instrumentos alguns dias depois, quando a água já havia se infiltrado nas pequenas rachaduras da cobertura de gelo.
"Você tem então um curto período de tempo para poder viajar novamente, até que o gelo entre em colapso e se rompa", explica Olsen.
O cientista conta que ficou extremamente surpreso com o rápido derretimento observado quando ele tirou a foto, no dia 13 de junho de 2019. Ele só havia experimentado este evento extremo uma vez, durante seus 15 anos realizando pesquisas na Groenlândia. Não é comum que o derretimento ocorra com tanta rapidez, segundo ele.
"É preciso ter uma onda súbita de ar quente quando ainda há neve fresca sobre o gelo marinho sólido", explica Olsen. "Por isso, este é um exemplo de evento extremo se desenvolvendo no início da estação... A comunidade local me disse: ´você precisará esperar 100 anos para ver [este evento] outra vez´."
Casos de derretimento como o presenciado por Olsen, normalmente, só ocorrem no final da estação, no fim de junho ou julho.
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