
17/03/2025
Uma das maiores ameaças ambientais à saúde humana está no ar que respiramos. A poluição atmosférica é tão comum que somente 17% das cidades globais atendem às diretrizes de poluição do ar estipuladas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). É o que aponta o 7º Relatório Anual de Qualidade do Ar Mundial da empresa IQAir.
Sendo um banco de dados de monitoramento da qualidade do ar, a IQAir coletou informações de mais de 40 mil estações de monitoramento da qualidade do ar em 8.954 locais em 138 países, territórios e regiões. Um total de 126 países (91,3%) e regiões excederam o valor de referência anual.
A análise aponta que os cinco países mais poluídos em 2024 foram Chade, Congo, Bangladesh, Paquistão e Índia. De todos os locais verificados, a cidade industrial de Byrnihat, na Índia, foi a pior: concentração média anual de PM2,5 de 128,2 µg/m3. Além disso, o país possui seis das nove cidades globais mais poluídas.
No Brasil, a empresa com sede na Suíça ficou bastante conhecida após, em setembro de 2024, São Paulo ser apontada como a cidade com a pior qualidade do ar do mundo por cinco dias consecutivos. No relatório agora divulgado, a IQAir afirma que os incêndios florestais na floresta amazônica impactaram vastas áreas da América Latina em 2024, com os níveis de PM2,5 em algumas cidades dos estados de Rondônia e Acre quadruplicando em setembro.
Alguns poucos locais se sobressaíram de forma positiva. Austrália, Bahamas, Barbados, Estônia, Granada, Islândia e Nova Zelândia foram os sete países que atingiram a média anual de PM2,5 recomendada pela OMS. Outros destaques foram para Mayaguez, Porto Rico, a área metropolitana mais limpa em 2024, com uma concentração média anual de PM2,5 de 1,1 µg/m3 e para o menor continente do mundo, a Oceania, que 57% das cidades regionais enquadradas na recomendação da OMS, foi listada como a região mais limpa do mundo.
Apesar dos números serem alarmantes, a situação real da poluição do ar em várias partes do mundo pode ser ainda muito maior. O relatório destaca, por exemplo, que no continente africano a escassez de dados de monitoramento da qualidade do ar em tempo real e acessíveis ao público é tão grave que há apenas uma estação de monitoramento para cada 3,7 milhões de pessoas.
A IQAir aponta que, apesar da expansão do monitoramento da qualidade do ar em várias regiões ao redor do mundo no último ano, ainda há muitas lacunas nos sistemas regulatórios operados pelo governo. A empresa sugere que monitores de qualidade do ar de baixo custo — usados por pesquisadores, ativistas e organizações locais — provaram ser ferramentas eficazes para contornar as lacunas de dados.
“A poluição do ar continua sendo uma ameaça crítica tanto à saúde humana quanto à estabilidade ambiental, mas vastas populações continuam desconhecendo seus níveis de exposição”, diz Frank Hammes, CEO global da IQAir. “Dados sobre a qualidade do ar salvam vidas. Eles criam uma conscientização muito necessária, informam decisões políticas, orientam intervenções de saúde pública e capacitam comunidades a tomar medidas para reduzir a poluição do ar e proteger as gerações futuras.”
“O Relatório Mundial da Qualidade do Ar, que compila medições da poluição do ar ao redor do globo, deve ser um chamado para esforços internacionais urgentes e concertados para cortar emissões de poluentes”, afirma Aidan Farrow, Cientista Sênior de Qualidade do Ar da Greenpeace International. “Ao destacar o risco desproporcional imposto aos jovens pela poluição do ar, o relatório nos lembra que uma falha em agir hoje será sentida pelas gerações futuras, enquanto referências frequentes a atividades humanas como queima de carvão e desmatamento são um lembrete de que a qualidade do ar, as mudanças climáticas e o mundo que será herdado por nossos filhos estão inextricavelmente ligados.”
As últimas Diretrizes de Qualidade do Ar da OMS recomenda que 5 µg/m3 é o limite anual para a concentração de PM2,5 – abreviação para material particulado com diâmetro de 2,5 micrômetros. Também chamada de “poluição atmosférica de partículas finas”, trata-se de uma mistura de partículas líquidas e sólidas que são leves e pequenas o suficiente para permanecer no ar.
“O material particulado, especialmente o PM2,5, é capaz de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, causando impactos cardiovasculares, cerebrovasculares (AVC) e respiratórios. Há evidências emergentes de que o material particulado afeta outros órgãos e também causa outras doenças”, afirmou a OMS, em nota, em 2022. Os dados da Organização apontam dados ainda mais alarmantes: o cálculo é que 99% da população do mundo respira ar que excede os limites de qualidade recomendados.
Cada pessoa pode usar um purificador de ar doméstico para amenizar os problemas causados pela exposição prolongada à poluição do ar. Entretanto, medidas individuais estão longe de resolver o problema, que passa por sérios compromissos e medidas que devem ser tomadas a níveis municipais, estaduais e federais.
A própria OMS aponta ações a serem implementadas pelo governo para melhorar a qualidade do ar, confira no CicloVivo
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