
25/02/2025
Em um país, como os Estados Unidos, em que carros e caminhonetes são símbolos de status e fazem parte da cultura nacional, propor um bairro projetado justamente para deixar automóveis de fora é uma proposta ousada. Quem vive lá não tem sequer uma garagem. Mas, mesmo nos EUA, essa ideia está dando certo. A prova é a comunidade que escolheu Culdesac Tempe como casa. O bairro sem carro planejado no Arizona nasceu com o objetivo deve priorizar a caminhada, a bicicleta e o transporte público – além de conexões sociais mais fortes e com mais verde.
Lançado em 2021, o local tem a proposta de apresentar uma nova maneira de viver em comunidade, fortalecendo as conexões entre a vizinhança, mudando a maneira como as pessoas se deslocam e trazendo de volta a ideia de uma vida mais tranquila e sustentável.
O bairro planejado tem como limitante o fator econômico, com uma construção de alto padrão e preços altos para a locação das mais de 20 plantas disponíveis, que variam de estúdios a apartamentos de 3 quartos, com valores de US$ 1,3 mil a US$ 2,7 mil mensais. Mas, quem faz esse investimento, garante que vale a pena.
A construção do empreendimento custou cerca de US$ 200 milhões e o resultado são 17 acres onde as pessoas são prioridade. Projetado para ser a casa de mil pessoas, com 700 unidades habitacionais, o Culdesac Tempe tem hoje cerca de 300 moradores.
As pessoas que se mudaram para o bairro foram atraídas por uma série de benefícios, como e-bikes gratuitas, passes de transporte público e fácil acesso a comodidades, eliminando a necessidade de carros particulares. “Fiquei impressionada quando recebiesse acesso à bicicletas e ao transporte”, conta Sheryl Murdock, pesquisadora oceânica de pós-doutorado na Arizona State University que se mudou do Canadá para ficar mais perto do trabalho.
Nas ruas, as vagas de estacionamento, faixas de automóveis e a movimentação acelerada de carros perderam espaço para ciclovias, mais de mil vagas para bicicletas, caminhos para pedestres, áreas de convívio social e espaços sombreados por árvores. Os espaços públicos incluem pátios, assentos comunitários, murais e uma rede Wi-Fi de alta velocidade em todo o bairro.
O projeto do arquiteto Daniel Parolek, da Opticos Design, levou em conta o conforto térmico, já que o Arizona fica em uma região semiárida, com clima quente e seco na maior parte do ano. “Eliminar os espaços ocupados por carros abriu a oportunidade de focar na criação de espaços voltados para as pessoas”, explica Daniel.
Como consequência desta mudança de prioridades, o bairro se transformou no que eram as antigas vizinhanças, com pessoas que se encontram e criam vínculos mais fortes entre si, se sentindo convidadas à vida fora de suas próprias casas. “As passarelas serpenteiam entre prédios brancos brilhantes, limitando a exposição ao sol e ao mesmo tempo fazendo com que todo o espaço pareça acolhedor”, observa Murdock.
Como tudo que envolve quebra de paradigmas, a construção de um lugar que muda um modo de vida fortemente estabelecido nos EUA não foi fácil no início. Com a preocupação de trazer para o Culdesac Tempe apenas negócios alinhados com a proposta de um bairro mais sustentável, muitas facilidades, como lojas, academias e restaurantes não estavam disponíveis desde o início. “Não começou a funcionar imediatamente, mas agora tem muita coisa”, disse Murdock.
Essa dificuldade inicial foi significativa, já que a proposta era que as pessoas pudessem ter acesso a tudo o que precisam sem percorrer grandes distâncias ou usar carros individuais – um conceito similar ao das cidades de 15 minutos.
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