
13/02/2025
No atual cenário climático, a Terra tem grande probabilidade de ultrapassar a meta preferencial do Acordo de Paris, que é a limitação do aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Modelagens climáticas sugerem que o planeta já pode ter entrado em um período de múltiplas décadas acima deste patamar.
Essa possibilidade é apontada por dois artigos independentes publicados na revista Nature Climate Change nesta segunda-feira (10). Os trabalhos analisaram o panorama climático desenhado pelos recordes de calor documentados no ano passado.
Além de ter sido declarado o ano mais quente da história da humanidade, 2024 foi também o primeiro a ultrapassar o limiar de 1,5°C de aquecimento em relação ao período anterior à Revolução Industrial, que é o período padrão de referência para o clima antes da emissão em larga escala de gases-estufa.
Isoladamente, a ultrapassagem em 2024 dessa cifra —considerada pelos cientistas como o teto para impedir as piores consequências das mudanças climáticas— não significa que o limite tenha sido definitivamente rompido, uma vez que há uma série de variantes sazonais que podem interferir nas temperaturas de um determinado ano.
Para eliminar a interferência de fenômenos como o El Niño e o La Niña e verificar com maior precisão a trajetória climática, é preciso considerar o resultado de um intervalo de tempo maior. A interpretação adotada pela comunidade científica é a do IPCC, o painel de especialistas do clima da ONU (Organização das Nações Unidas). O grupo considera que é preciso um período de 20 anos com temperaturas acima desses valores para bater o martelo sobre o nível de aquecimento.
"Descobrimos que, a menos que seja implementada uma mitigação climática rigorosa, o fato de 2024 ter sido o primeiro ano acima de 1,5°C indica que a Terra já entrou, com alta probabilidade, no período de 20 anos em que essa meta do Acordo de Paris será atingida", disse à Folha Emanuele Bevacqua, do Centro Helmholtz de Pesquisas Ambientais, na Alemanha, que liderou um dos artigos publicados nesta segunda-feira.
Para chegar ao resultado, a equipe de Bevacqua analisou dados climáticos do passado, identificando tendências nos padrões de aumento de temperatura e nos limiares ultrapassados nos anos anteriores.
Ao analisar os níveis de aquecimento, os dados mostram que houve um padrão entre os limiares de aquecimento de 0,6°C e 1°C: sempre que um ano isolado ultrapassou a respectiva marca, isso aconteceu dentro do primeiro período de 20 anos em que a temperatura média atingiu esses mesmos valores.
Com base nisso, os pesquisadores levantam a hipótese de que o mesmo deve acontecer agora. Os cientistas utilizaram modelagens climáticas em diferentes cenários de emissões de gases-estufa, que são determinantes para os níveis de aquecimento, para calcular a probabilidade de 2024 ter sido o primeiro ano do intervalo de múltiplas décadas acima de 1,5°C.
Os resultados foram claros: dependendo do cenário de emissões, essa probabilidade varia de provável (66% de chances ou mais) a praticamente certa (99% ou mais).
O segundo artigo também utilizou modelagens climáticas e análises de dados de aquecimento anteriores.
O trabalho, assinado por Alex Cannon, do ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá, investigou se o fato de 2024 ter sido o primeiro ano com 12 meses consecutivos de temperaturas acima de 1,5°C pode indicar que o mundo já ultrapassou o limite do Acordo de Paris.
Conclua a leitura desta reportagem clicando na Folha de S. Paulo
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