
28/01/2025
Se você, algum dia, visitar as margens do Lago Rice em Minnesota, nos Estados Unidos, durante o mês de maio, talvez consiga observar grandes peixes se misturando com as plantas de arroz selvagem na água, a poucos metros de profundidade.
Estes são os peixes-búfalos-boca-grande, a espécie de peixe de água doce que vive por mais tempo no mundo. Alguns deles chegam a viver por mais de 100 anos.
Todos os anos, esses enormes peixes — que podem pesar mais de 23 kg — atravessam o rio Rice para desovar no lago. Mas a sua reprodução regular esconde a preocupação atual com a sua conservação: há mais de seis décadas, nenhuma geração dos jovens peixes chegou à idade adulta.
O peixe-búfalo-boca-grande permaneceu sem ser estudado por décadas. Mas, nos últimos anos, os cientistas começaram a perceber como esses peixes enormes e incrivelmente longevos são únicos — e como sua sobrevivência pode estar seriamente ameaçada.
O peixe-búfalo-boca-grande é nativo da América do Norte. Ele pode ser encontrado desde o sul de Saskatchewan e Manitoba, no Canadá, até Louisiana e o Texas, nos Estados Unidos.
O público e os pescadores costumam considerá-lo um "peixe não comercial" — uma expressão não científica de longa data, usada para indicar que eles não são particularmente desejados. A espécie não é objeto da pesca comercial e, por isso, não é economicamente importante.
Esta visão sobre os peixes-búfalos-boca-grande fez que eles passassem muito tempo desprezados pelos cientistas. Mas, nos últimos cinco anos, pesquisadores fizeram novas e surpreendentes descobertas sobre a espécie.
Em primeiro lugar, foram documentados indivíduos com até 127 anos de idade. A descoberta fez do peixe-búfalo-boca-grande o peixe de água doce que vive por mais tempo no mundo. E eles também não parecem entrar em declínio biológico com a idade.
Mais recentemente, pesquisadores descobriram que a estabilidade da sua população ao longo das últimas décadas pode se dever ao fato de que os peixes idosos não estão morrendo, mesmo sem conseguirem produzir filhotes que sobrevivam até a idade adulta.
Os poucos especialistas que estudam estes peixes receiam que uma queda abrupta da sua população pode ser iminente, quando não inevitável. Mas o que as pesquisas deixam claro até aqui é que sabemos muito pouco sobre o peixe-búfalo-boca-grande e muitas perguntas sobre a espécie continuam sem respostas.
"Esta é uma das populações de animais mais idosas do mundo e não existe gestão, nem proteção da espécie", afirma o pesquisador de peixes Alec Lackmann, da Universidade de Minnesota em Duluth, nos Estados Unidos. Ele é um dos principais especialistas no peixe-búfalo-boca-grande e seu envelhecimento.
Lackmann liderou a pesquisa, publicada em 2019, que descobriu pela primeira vez a vida centenária do peixe-búfalo-boca-grande em Minnesota.
Até então, acreditava-se que o peixe vivesse apenas por cerca de 26 anos. Ele confirmou a existência de grandes números de indivíduos centenários em outras espécies de peixe-búfalo, em outras partes da América do Norte.
O interesse de Lackmann por estes peixes veio em consequência da pesquisa anterior para seu doutorado, que envolveu o estudo de moscas não picadoras na região ártica do Alasca.
Por curiosidade, ele teve aulas de ictiologia (a zoologia dos peixes). Nelas, ele aprendeu a determinar a idade dos peixes usando os otólitos, estruturas parecidas com pedras encontradas nos ouvidos da maioria das espécies de peixe.
Os otólitos criam anéis ao longo do tempo, como as árvores. Dissecando as estruturas em fatias finas, os cientistas conseguem contá-los e analisar os anéis, para ter uma noção precisa da idade do peixe.
A reportagem na íntegra pode ser lida no g1
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