
21/01/2025
Apesar da distância, Austrália e Brasil têm muito a colaborar na área climática. Essa parceria pode abranger desde estratégias para lidar com as consequências do aquecimento global na agricultura —parte essencial da economia de ambos os países— até o desafio de conciliar as ambições de se tornarem potências em energias limpas, enquanto ainda são grandes produtores de combustíveis fósseis.
A avaliação é da embaixadora para mudanças climáticas da Austrália, Kristin Tilley, um dos principais nomes de seu país nas negociações climáticas internacionais.
Em entrevista à Folha, a diplomata abordou ainda os planos e os desafios para a descarbonização energética australiana.
Tilley minimizou os impactos de uma eventual mudança de governo, relembrando que os maiores partidos do país estão comprometidos em atingir a neutralidade nas emissões de carbono até 2030.
A embaixadora defendeu também a candidatura australiana à sede da 31ª conferência do clima da ONU, a COP31, em 2026, e a oportunidade de colaborar e dar protagonismo às demandas dos países-ilhas do Pacífico, entre os mais afetados pelas mudanças climáticas.
Em uma perspectiva de negociadora climática, Tilley avaliou que a saída dos EUA do Acordo de Paris, prometida por Donald Trump para os primeiros dias de seu governo, pode gerar desafios, mas que o progresso global das ações climáticas não seria completamente interrompido.
A Austrália é uma grande exportadora de combustíveis fósseis, mas agora tem um plano para se tornar uma superpotência em energia limpa. O que motivou essa decisão?
Tivemos uma mudança de governo há dois anos e meio, e pode-se argumentar que eles foram eleitos, em parte, por uma plataforma climática muito mais forte e ambiciosa. O governo entendeu que, se quisermos expandir nossa ambição climática e mudar a natureza das nossas exportações de energia, precisamos começar a construir opções para substituir as exportações de combustíveis fósseis.
Uma das principais medidas introduzidas, particularmente no último orçamento federal, envolveu investimentos significativos em pacotes para apoiar novas indústrias de energia na Austrália. O governo está apostando em quais indústrias serão mais importantes para outros países e onde a Austrália tem uma vantagem natural na produção.
Mas, até agora, as exportações de combustíveis fósseis permanecem altas. Isso não é contraditório?
Como negociadora climática, acho relativamente fácil reconciliar isso: os países são responsáveis pelas emissões dentro de suas próprias fronteiras nacionais.
Ainda exportamos comparativamente grandes quantidades de energia baseada em combustíveis fósseis. No entanto, à medida que os países [que compram energia da Austrália] implementam ações mais práticas e compromissos para atender suas metas de emissões líquidas zero, esperamos ver redução na demanda por nossos combustíveis fósseis. Isso naturalmente levará a uma diminuição na produção e nas exportações.
Alguns argumentam que a Austrália deveria parar de exportar combustíveis fósseis imediatamente. Como embaixadora para o clima, eu entendo a lógica por trás disso, mas a realidade é que muitas empresas, sociedades e governos ainda precisam de energia confiável enquanto trabalham para uma transição energética. Se parássemos abruptamente as exportações, isso causaria impactos econômicos e sociais significativos para os países que atualmente dependem do nosso carvão e gás.
A entrevista na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo
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