
07/01/2025
"Posso te dar alguns conselhos sobre ursos polares?", pergunta Tee, uma autoconfiante adolescente de 13 anos de idade que conhecemos durante uma visita a um colégio em Churchill, no Canadá.
"Se um urso chegar a essa distância de você", ela diz, indicando um espaço de cerca de 30 cm com as mãos, "dê um soco no nariz dele".
"Ursos polares têm um nariz muito sensível - ele vai sair correndo."
Tee nunca precisou colocar esse conselho em prática. Mas, para quem vive nessa região — e convive com o maior predador terrestre do planeta —, saber se proteger de ursos polares faz parte da vida cotidiana.
Placas em lojas e cafés da cidade lembram a população de que é preciso estar atenta aos ursos.
Meu cartaz favorito diz o seguinte: "Se um urso polar te atacar, você deve lutar."
Correr de um urso polar é perigoso. O instinto do urso é perseguir a presa, e ursos polares pode correr a 40 km por hora.
Conselhos básicos: esteja sempre vigilante e consciente dos seus arredores. Não ande sozinho à noite.
Churchill é conhecida como a capital mundial dos ursos polares. Todos os anos, a porção oeste da Baía de Hudson, onde a cidade está situada, derrete, empurrando os ursos para a costa.
Mais tarde, no outono, quando as águas voltam a se congelar, centenas de ursos se reúnem no local, esperando.
"Temos rios de água doce desaguando nessa área e água gelada vindo do Ártico", explica Alysa McCall, da ONG Polar Bear International (PBI).
"Então, o congelamento começa aqui primeiro. E para ursos polares, o mar congelado significa acesso às focas, sua principal presa. Provavelmente, estão loucos para comer uma farta refeição de gordura de foca. Em terra, durante o verão, comeram muito pouco."
Existem 20 subpopulações de ursos polares no Ártico. Esta, situada mais ao sul do continente, é a mais estudada.
"Tínhamos cerca de 1.200 ursos polares na década de 1980 e perdemos mais da metade deles", diz Alysa.
O declínio está associado ao período em que a baía permanece descongelada — cada vez mais longo à medida que o clima aquece.
"Hoje, os ursos passam um mês a mais em terra por aqui do que seus pais passavam", explica Alysa. "Isso coloca pressão sobre as mães. [Com menos alimento] É mais difícil continuar grávida e sustentar os bebês."
Com sua sobrevivência ameaçada, os ursos atraem especialistas em conservação e milhares de turistas para Churchill anualmente.
Nos juntamos a um grupo da PBI para procurar ursos na tundra subártica, a poucos quilômetros de distância da cidade.
Após avistarmos alguns ursos à distância, um encontro me deixa de coração acelerado: um urso jovem se aproxima e investiga nosso veículo, que se move lentamente.
Ele cheira um dos veículos, dá um salto e planta duas patas gigantes na lateral do buggy. Depois, casualmente coloca as quatro patas de volta no chão e olha brevemente para mim.
É profundamente desconcertante olhar a cara de um animal que é simultaneamente adorável e potencialmente letal.
"Você viu como ele cheirou e até lambeu o veículo, usando todos os sentidos para investigar", diz Geoff York, da PBI.
Ele trabalha no Ártico há mais de três décadas.
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