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Um refúgio que guarda o DNA da Amazônia

16/12/2025

No centro da Amazônia Paraense, um pequeno território de 129 hectares transformou-se em um dos mais importantes espaços de conservação florestal do país. Criada de forma estratégica pela AXIA Energia, a Ilha de Germoplasma — localizada no reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí — tornou-se um laboratório natural onde o reflorestamento, a manutenção do DNA genético de espécies nativas e a proteção da fauna acontecem em ritmo contínuo há mais de duas décadas. Ali, em uma área equivalente a 150 campos de futebol, crescem cerca de 100 mil árvores distribuídas entre 220 espécies nativas, algumas com mais de dois séculos de existência, como o piquiá de aproximadamente 250 anos e a castanheira de 200 anos.
Integrada ao Programa Germoplasma Florestal, previsto no licenciamento ambiental da usina inaugurada em 1984, a ilha reúne um conjunto de estruturas essenciais para a conservação: um viveiro com capacidade anual de 120 mil mudas, um amplo banco genético florestal e um laboratório de análises de sementes credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Ao longo de 20 anos, o local já produziu 37 milhões de sementes e 800 mil mudas de espécies amazônicas, além de promover o plantio de mais de 15 mil árvores.
Segundo o presidente da AXIA Energia na região Norte, Antônio Pardauil, o programa é decisivo para a proteção da floresta e para a resiliência das comunidades próximas. “Ele desempenha papel fundamental na conservação do DNA da Amazônia e contribui para a preservação dessa floresta que tem uma importância essencial no equilíbrio ambiental do planeta. O trabalho de seleção, reprodução, plantio e doação das espécies permite construirmos, junto com a comunidade local, um ambiente muito mais resiliente e capaz de suportar as mudanças climáticas, além de gerar renda e ajudar na segurança alimentar das populações da região”, afirmou.
O impacto social também se tornou uma marca do projeto. Apenas em 2025, a AXIA Energia distribuiu 7,5 milhões de sementes e 90 mil mudas, muitas delas destinadas a pequenos agricultores e famílias que dependem da agricultura sustentável. De 2005 até hoje, foram doadas 21,1 milhões de sementes e 650 mil mudas, acompanhadas da análise de 11,8 mil amostras no laboratório da companhia. Mais de 500 famílias são beneficiadas a cada ano. Um dos participantes, o agricultor João de Souza — envolvido com o programa desde 2022 — relata os resultados: “A AXIA me deu mais de 3 mil mudas de cacau e açaí. Hoje tenho mais de 2.200 pés de cacau dando fruto e outros 1.150 começando a produzir. A venda dessa produção ajuda a sustentar minha família e ainda sobra um pouquinho”.
A ilha também desempenha um papel decisivo na preservação genética de espécies nativas com alto valor ambiental e econômico. O programa contribui para a manutenção do DNA de árvores ameaçadas de extinção, como o paricá, o acapu, o mogno, o cendro e diferentes tipos de angelim; palmeiras como açaí, patauá, babaçu e bacaba; frutas regionais, entre elas bacuri, cacau, cupuaçu, murici e castanha; além de plantas medicinais como andiroba e copaíba e espécies utilizadas na extração de óleos, como o cumaru. A restauração promovida pela ilha favorece a regeneração de ecossistemas degradados, melhora a qualidade do solo e da água e atrai fauna silvestre, reforçando o equilíbrio ambiental. Como o bioma amazônico oferece condições que dialogam com os demais biomas brasileiros, o programa atende comunidades de todo o país com a doação de sementes.
A criação da Ilha de Germoplasma remonta às ações iniciadas em 1980, quando especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) definiram as primeiras espécies prioritárias para coleta e reprodução. Desde então, o território passou a se consolidar como um refúgio para animais nativos dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago de Tucuruí, sendo uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Durante períodos de seca, uma faixa de terra temporária liga a ilha ao continente, permitindo maior circulação da fauna, que inclui antas de até 320 quilos e ao menos sete espécies de macacos. O número de indivíduos varia a cada ano, mas a paisagem permanece inteiramente preservada.
A produção de sementes e mudas segue um processo minucioso. No Laboratório de Análise, os frutos são selecionados, despolpados e submetidos à biometria e a outros quatro testes — umidade, pureza, germinação e peso. Depois disso, seguem para câmaras de armazenamento até estarem prontas para plantio ou doação. Já no Viveiro Florestal, as sementes escolhidas dão origem às mudas distribuídas aos produtores e a projetos ambientais.
Para Jader Fernandes, diretor de Licenciamento Ambiental e Condicionantes da AXIA Energia, o caráter ambiental e econômico do programa é complementar. “Ele é uma peça fundamental para a preservação, visto que algumas dessas espécies não são conhecidas ou produzidas comercialmente, mas têm papel fundamental na flora e fauna da região. Em paralelo, o programa conserva espécies florestais que são bastante exploradas na região e que possuem risco de extinção na natureza. A produção de mudas frutíferas ajuda na bioeconomia da região, por meio da doação de mudas para pequenos produtores e famílias que dependem da subsistência para sobreviver. As mudas produzidas pelo programa chegam até a população com qualidade e prontas para o plantio”, afirma.
Além da produção de sementes e mudas, o Programa Germoplasma Florestal envolve ainda censos periódicos da fauna, monitoramento da saúde reprodutiva das plantas e vigilância constante contra invasores, garantindo a integridade do ecossistema.

Fonte: CicloVivo

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