
11/11/2025
Apesar de avanços pontuais, o mundo continua longe de limitar o aquecimento global a níveis seguros. O aumento previsto da temperatura média neste século caiu apenas ligeiramente, mantendo o planeta em uma trajetória de riscos e danos climáticos cada vez mais graves. É o que revela a análise do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) sobre os novos compromissos climáticos assumidos no âmbito do Acordo de Paris.
O Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2025: Fora da Meta, do PNUMA, mostra que as projeções de aquecimento global ao longo deste século, com base na implementação total das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), agora variam entre 2,3°C e 2,5°C, em comparação com 2,6°C a 2,8°C no relatório do ano anterior. A implementação apenas das políticas atuais poderia elevar o aquecimento a até 2,8°C.
No entanto, as atualizações metodológicas representam 0,1°C da melhoria, e a iminente saída dos EUA do Acordo de Paris cancelará outros 0,1°C, o que significa que as novas NDCs por si só praticamente não tiveram efeito. As nações continuam longe de cumprir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento a bem menos de 2°C, enquanto buscam esforços para permanecer abaixo de 1,5°C.
O relatório conclui que a média pluridecenal do aumento da temperatura global excederá 1,5°C, pelo menos temporariamente. Isso será difícil de reverter, exigindo reduções adicionais mais rápidas e maiores nas emissões de gases de efeito estufa para minimizar o excesso (overshoot), reduzir os danos a vidas e economias e evitar a dependência excessiva de métodos incertos de remoção de dióxido de carbono.
“Os cientistas dizem que um aumento temporário acima de 1,5°C é agora inevitável, começando, no mais tardar, no início da década de 2030. E o caminho para um futuro habitável torna-se cada vez mais difícil”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em sua mensagem sobre o relatório. “Mas isso não é motivo para desistir. É motivo para intensificar e acelerar nossos esforços. 1,5°C até o final do século continua sendo nossa meta principal. E a ciência é clara: esse objetivo ainda está ao nosso alcance, mas somente se aumentarmos significativamente nossa ambição”.
Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, ressalta que as nações tiveram três tentativas para cumprir as promessas feitas no âmbito do Acordo de Paris, e erraram o alvo. “Embora os planos climáticos nacionais tenham alcançado algum progresso, está longe de ser rápido o suficiente, e é por isso que ainda precisamos de reduções de emissões sem precedentes em um prazo cada vez mais curto, com um cenário geopolítico cada vez mais desafiador”.
Apesar do cenário, Inger afirma que ainda é possível mudar essa rota e que já existem soluções comprovadas para isso. “Desde o rápido crescimento das energias renováveis baratas até ao combate às emissões de metano, sabemos o que é preciso fazer. Agora é o momento de os países se empenharem a fundo e investirem no seu futuro com ações climáticas ambiciosas – ações que proporcionem um crescimento econômico mais rápido, mais saúde, mais empregos, segurança energética e resiliência”.
O relatório aponta que apenas 60 Partes do Acordo de Paris, responsáveis por 63% das emissões de gases de efeito estufa, apresentaram ou anunciaram novas NDCs contendo metas de mitigação para 2035 até 30 de setembro de 2025. Além da falta de progresso nas promessas, permanece uma enorme lacuna na implementação, com os países fora do caminho para cumprir suas NDCs para 2030, sem falar nas novas metas para 2035.
O alinhamento com o Acordo de Paris requer cortes rápidos e sem precedentes nas emissões de gases de efeito estufa acima das promessas – uma tarefa dificultada pelo crescimento das emissões de 2,3% ano a ano, para 57,7 gigatoneladas de CO2 equivalente em 2024. As emissões em 2030 teriam que cair 25% em relação aos níveis de 2019 para chegar a 2°C e 40% para 1,5°C, com apenas cinco anos restantes para atingir essa meta.
A implementação integral de todas as NDCs reduziria as emissões globais esperadas em 2035 em cerca de 15% em comparação com os níveis de 2019 – embora a retirada dos EUA altere esses números. Essas reduções estão muito abaixo dos 35% e 55% necessários em 2035 para estarem alinhadas com os caminhos de 2°C e 1,5°C, respectivamente.
O tamanho dos cortes necessários e o pouco tempo restante para entregá-los significam que a média pluridecenal da temperatura global agora excederá 1,5°C, muito provavelmente na próxima década. Cortes rigorosos nas emissões de curto prazo podem atrasar o início da superação da meta, mas não evitá-la totalmente. A grande tarefa pela frente é fazer um esforço para tornar esse excesso temporário e mínimo, por meio de cortes rápidos de emissões que continuem mantendo a meta de 1,5°C até 2100 dentro do campo das possibilidades.
Cada fração de grau evitada reduz uma escalada dos danos, perdas e impactos na saúde que estão prejudicando todas as nações – enquanto atinge os mais pobres e vulneráveis – e reduz os riscos de pontos de inflexão climáticos e outros impactos irreversíveis. Minimizar a superação da meta também reduziria a dependência de métodos incertos, arriscados e caros de remoção de dióxido de carbono – que precisariam remover e armazenar permanentemente cerca de cinco anos das atuais emissões anuais globais de CO2 para reverter cada 0,1°C de superação.
O relatório analisa um cenário de “ação de mitigação rápida a partir de 2025”, projetado para limitar a ultrapassagem a cerca de 0,3°C, com 66% de chance, e retornar a 1,5°C até 2100. Nesse cenário, as emissões de 2030 teriam que cair 26% e as emissões de 2035 em 46% em comparação com os níveis de 2019.
Desde a adoção do Acordo de Paris, há dez anos, as previsões de temperatura recuaram dos 3 a 3,5°C iniciais. As tecnologias de baixo carbono necessárias para fornecer grandes cortes de emissões estão disponíveis. O desenvolvimento de energia eólica e solar está crescendo, reduzindo os custos de implantação. Isso significa que a comunidade internacional pode acelerar a ação climática, caso opte por fazê-lo. No entanto, realizar cortes mais rápidos exigiria navegar em um ambiente geopolítico desafiador, um aumento maciço no apoio aos países em desenvolvimento e redesenhar a arquitetura financeira internacional.
A ação e a liderança do G20 serão fundamentais, pois os membros do G20 – sem contar a União Africana – respondem por 77% das emissões globais. Sete membros do G20 apresentaram novas NDCs com metas para 2035, enquanto três membros anunciaram essas metas. No entanto, essas promessas não são ambiciosas o suficiente: os membros do G20 coletivamente não estão no caminho certo para atingir nem mesmo suas metas de NDC para 2030, e as emissões do G20 aumentaram 0,7% em 2024, tudo apontando para a necessidade de um aumento maciço na ação dos maiores emissores.
Fonte: CicloVivo
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