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Humanidade não sobreviverá a este século, diz filósofo italiano Franco Berardi sobre colapso ambiental

30/10/2025

O pensador italiano Franco Berardi, conhecido como Bifo, construiu seu trabalho intelectual em casa, influenciado pelo pai comunista e pela militância no movimento de 1968.
Trabalhou e interagiu com pensadores como Gilles Deleuze, Félix Guattari e Antonio Negri, conduziu experiências pioneiras de comunicação, como a criação da primeira rádio livre da Itália, e ensinou por 20 anos em uma escola para trabalhadores, além de lecionar na Academia de Belas Artes de Milão.
Sua obra combina crítica política e conceitos da psicanálise, investigando como o capitalismo financeiro, a precarização do trabalho e a aceleração tecnológica moldam o inconsciente coletivo, os afetos e as relações humanas.
Em entrevista à Folha, Bifo, hoje uma das vozes mais inventivas e provocadoras da filosofia contemporânea, afirma não acreditar que, na era Trump, haja chance de conter a destruição ecológica do planeta, levando a expressão "última geração" ao pé da letra.
"Reduzir as emissões de carbono é a última das preocupações da liderança política mundial. Além disso, é preciso considerar que as tendências devastadoras já chegaram ao limiar da irreversibilidade. O planeta está condenado, e acredito que o inconsciente coletivo da humanidade já internalizou essa evidência."
Para ele, não sobreviveremos a este século porque, enquanto o capitalismo destrói o planeta e o caos geopolítico leva a um rearmamento generalizado, o cérebro humano está fora de serviço.
"Há saída para essa situação suicida? Não penso que haja, porque a mente humana, como um todo, já não é mais capaz de sentir solidariedade, de criar organização social e de imaginar uma estratégia para o futuro."
O filósofo, que vê em Gaza um símbolo da regressão à ferocidade nas relações humanas, com a brutalidade tomando o lugar da lei, participou das recentes manifestações pró-Palestina que tomaram as ruas de diversas cidades na Itália.
"Prefiro saber que a motivação ética é suficiente para um movimento amplo, mesmo que não seja suficiente para deter o barbarismo e a idiotice."

🎤 Apesar das emissões globais de gases de efeito estufa continuarem a crescer e das críticas generalizadas ao sistema ONU, há um grande burburinho em torno da COP30, conferência do clima no Brasil neste mês de novembro. Como descreveria esse clima de expectativa?

Eu conheço muito pouco desse sentimento de que você está falando. O que sei é o seguinte: o principal negócio das lideranças políticas do Ocidente é a guerra. A União Europeia está totalmente engajada em aumentar os gastos com armamentos e em se preparar para a guerra contra a Rússia.
A Rússia, por sua vez, está totalmente engajada em travar a guerra contra a Ucrânia e investindo suas energias na preparação da guerra com o Ocidente. Isso implica uma redução do dinheiro disponível para o Green Deal (Pacto Ecológico Europeu).
A Alemanha, que esteve na vanguarda das políticas de redução de emissões de gases de efeito estufa, reabriu minas de carvão após romper laços econômicos com a Rússia. Francamente, acredito que, na era Trump, não temos nenhuma chance de conter a destruição ecológica do planeta.

🎤 O que o senhor acha de medidas como a taxação dos super-ricos, assembleias cidadãs, a transferência de empresas de petróleo e gás para controle público e novos modelos econômicos? São formas viáveis de enfrentar a crise climática?

Taxar a produção que causa danos ecológicos seria a única forma de conter a devastação do planeta. Mais amplamente, as escolhas econômicas deveriam ser submetidas ao objetivo maior de proteger o meio ambiente. Sejamos realistas: reduzir as emissões de carbono é a última das preocupações das lideranças políticas. Além disso, é preciso considerar que as tendências devastadoras estão chegando ao limiar da irreversibilidade.
O planeta está condenado, e acredito que o inconsciente coletivo da humanidade já internalizou essa evidência. O que pode ser feito? Suspender a procriação, preparar-se para a autodestruição da espécie humana: este é o único caminho de fuga do inferno.

Termine de ler esta entrevista acessando a Folha de S. Paulo

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