
30/10/2025
O furacão Melissa atingiu a costa oeste da Jamaica na tarde da última terça-feira (28) como categoria 5, o nível máximo da escala Saffir-Simpson, que classifica a intensidade de furacões.
Com ventos de até 300 km/h e ondas de 4 metros, o Melissa se tornou o furacão mais violento já registrado no país caribenho.
Por causa do sistema, autoridades jamaicanas relataram alagamentos generalizados, estradas bloqueadas, destruição de casas e blecautes que deixaram centenas de milhares de pessoas sem energia.
A Cruz Vermelha estima que até 1,5 milhão de pessoas foram afetadas até então.
Já o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos descreveu o impacto como “um dos mais fortes já registrados no Atlântico”, e a Organização Meteorológica Mundial chamou o furacão de a “tempestade do século” para a Jamaica.
Mas o que de fato fez o furacão Melissa ganhar tanta força e por que ele se tornou tão destrutivo em tão pouco tempo? Entenda mais abaixo.
Calor do oceano alimentou o sistema
A explicação para tamanha força está em dois pilares: o calor recorde do mar do Caribe e o padrão atmosférico causado pela La Niña, fenômeno que altera a circulação dos ventos e reduz o chamado cisalhamento, a “tesoura” que normalmente corta o topo dos ciclones e os enfraquece.
💨 ENTENDA: O cisalhamento é a mudança na direção ou na velocidade do vento em diferentes altitudes. Quando o cisalhamento vertical está baixo, como costuma acontecer em episódios de La Niña, os furacões no Atlântico têm maior facilidade para se organizar e se intensificar.
Um baixo cisalhamento vertical favorece a formação de furacões, já que a velocidade e a direção do vento não mudam muito ao longo da troposfera, a camada mais baixa da atmosfera onde ocorrem os ciclones tropicais
Já um alto cisalhamento (como ocorre Atlântico Sul, na costa do Brasil) dificulta seu crescimento e pode fazer com que ele se enfraqueça ao invés de se fortalecer.
“Em anos de La Niña, há um incentivo para a formação de ciclones tropicais. As circulações da América do Norte favorecem não só a formação, mas também o deslocamento desses sistemas. Na região próxima à Jamaica, o mar está até 5 °C acima do normal. E os ciclones tropicais se alimentam exatamente desse calor”, explica o meteorologista César Soares, da Climatempo.
Na prática, em situações como essa, o oceano age como um imenso reservatório de energia, liberando calor e umidade suficientes para alimentar a formação de tempestades cada vez mais potentes.
Assim, quanto mais quente a superfície do mar, maior a quantidade de energia disponível e, portanto, maior o potencial de intensificação de um ciclone (como também é chamado o Melissa).
E no caso dele, essa engrenagem funcionou sem obstáculos: o mar estava excepcionalmente aquecido e a atmosfera, surpreendentemente estável, sem os ventos cortantes que costumam desorganizar o sistema.
“Oceanos quentes são um ingrediente essencial para furacões fortes", explica Akshay Deoras, pesquisador Departamento de Meteorologia da Universidade de Reading (Reino Unido).
"A região do Atlântico onde o furacão Melissa está se formando parece uma caldeira que ficou acesa por tempo demais. As águas do oceano estão em torno de 30 °C, de dois a três graus acima do normal, e esse calor se estende em profundidade", completa.
Fora isso, a atmosfera da região também estava extremamente úmida. Toda a coluna de ar acima do Caribe estava saturada de vapor d’água, o que favoreceu a formação de nuvens chamadas de convectivas explosivas, que crescem rapidamente em altitude e liberam chuva torrencial.
E esse processo manteve o furacão em constante fortalecimento. Isso acontece porque o calor liberado pela condensação da umidade alemta o centro da tempestade e sustenta sua circulação por muito mais tempo. Dessa forma, em vez de perder força, o Melissa ganhou ainda mais potência.
Conclua esta leitura acessando o g1
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