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Por dentro da cidade-fantasma que abriga a hiena mais rara do mundo

28/10/2025

À noite, a cidade de Kolmanskop, há muito tempo abandonada, fica quase vazia.
Durante o dia, grupos de turistas costumam visitar o lugar para conhecer suas construções agora invadidas pela areia.
No início do século 20, o local foi um centro de mineração de diamantes, perto do litoral da Namíbia.
Eles já retornaram aos seus hotéis para passar a noite, mas as ruas desertas ainda observam algum movimento.
Entre as sombras das construções em ruínas e becos cobertos de areia, surge se esgueirando uma solitária hiena-marrom.
Um flash brilhante ilumina a cena e marca o ápice de 10 anos de trabalho do fotógrafo da vida selvagem sul-africano Wim van den Heever.
Assim foi tirada a foto vencedora do grande prêmio do concurso Fotógrafo da Vida Selvagem do Ano de 2025, promovido pelo Museu de História Natural de Londres.
É uma imagem fascinante não apenas pela sua composição, mas também pela modelo.
A hiena-marrom é a espécie de hiena mais rara do mundo. É também um animal notadamente adaptado e oportunista, que adotou a cidade mineradora abandonada da Namíbia como seu lar.
Van den Heever fotografa a natureza em todo o mundo e retorna ao deserto do Namibe uma vez por ano. Já nas suas primeiras visitas, ele se convenceu de que uma hiena-marrom passeava à noite pela cidade-fantasma.
"Eu via excrementos ou rastros de hiena na região", ele conta.
Van den Heever logo teve a ideia de fotografar o animal no incrível cenário da cidade-fantasma.
Depois de tentar diversas abordagens diferentes, o fotógrafo passou a acordar entre duas e três horas da manhã, para retornar a Kolmanskop e montar sua câmera, quando a cidade ficava totalmente vazia.
Mas capturar a imagem foi extremamente difícil. A hiena-marrom é um animal tímido, ativo principalmente à noite.
Após anos de tentativas, Van den Heever conseguiu fotografar apenas vislumbres do animal, distante da cidade, muitas vezes correndo na direção oposta.
Agregue-se a isso o ambiente assustador do deserto do Namibe. Ventos vindo do leste traziam areia que se acumulava até um metro de altura sobre seu equipamento fotográfico durante a noite.
"Tive um ou dois anos em que as câmeras foram totalmente destruídas", ele conta.
Quando o vento do oeste soprava do oceano, trazia forte neblina. "Nestes casos, mesmo se houvesse uma hiena na foto, você não poderia vê-la porque a neblina era simplesmente muito espessa."
Por fim, havia a questão de onde instalar a câmera. Van den Heever imaginou o caminho que a hiena poderia seguir ao atravessar a cidade abandonada.
"Sempre pensei que, se algo fosse andar deste lado para aquele, precisaria vir através deste trecho plano", explica ele.
"E, se eu puder programar a câmera corretamente, posso pegar a hiena aqui e a casa, ali. E foi basicamente assim que eu escolhi a composição e alinhei as câmeras."
Definido isso, era questão de esperar.
Foram 10 anos de visitas a Kolmanskop. As câmeras de Van den Heever capturaram dois chacais se encaminhando em sentido contrário, mas nenhuma hiena-marrom.
Até que chegou a noite em que as condições estavam corretas e a hiena caminhou exatamente por onde Van den Heever havia previsto.
"Minha câmera disparou três vezes naquela noite", ele conta. "Uma vez quando testei o cenário. Na segunda vez, nada aconteceu. E, na terceira, havia uma hiena na imagem."
Van den Heever afirma ter chegado perto das lágrimas ao ver a foto pela primeira vez, na parte de trás da câmera.
"É exatamente como eu imaginava. É exatamente o que eu procurava desde o primeiro dia. É por ela que eu concentrei todos os esforços, todas aquelas temporadas tentando, até conseguir."

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