
14/10/2025
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com a Universidade Federal de Alfenas (Unifal) identificaram altos níveis de substâncias tóxicas em brinquedos plásticos comercializados no Brasil. O estudo analisou 70 produtos de fabricação nacional e importados e é o mais abrangente já realizado no país sobre contaminação química em produtos infantis. Os resultados foram publicados na revista Exposure and Health.
A análise, apoiada pela FAPESP (21/03633-0 e 23/11634-2), revelou que grande parte dos brinquedos não segue as normas de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e da União Europeia. O caso mais grave encontrado envolve o bário: 44,3% das amostras ultrapassaram o limite permitido, com concentrações até 15 vezes acima do valor regulamentar. A exposição ao bário pode causar problemas cardíacos e neurológicos, como arritmias e paralisias.
Também foram encontrados níveis elevados de chumbo, crômio e antimônio. O chumbo, que pode provocar danos neurológicos irreversíveis em crianças, problemas de memória e diminuição do coeficiente de inteligência (Q.I.), apareceu acima do limite em 32,9% das amostras, com concentração quase quatro vezes acima do permitido. Já o antimônio (danos gastrointestinais) e o crômio (carcinogênico) apresentaram irregularidades em 24,3% e 20% dos brinquedos, respectivamente.
“Esses dados revelam um cenário preocupante de contaminação múltipla e falta de controle. Tanto que no estudo sugerimos medidas mais rígidas de fiscalização, como análises laboratoriais regulares, rastreabilidade dos produtos e certificações mais exigentes, especialmente para itens importados”, afirma Bruno Alves Rocha. O trabalho é resultado da pesquisa de pós-doutorado de Rocha, apoiada pela FAPESP e recentemente concluída durante seu período como professor visitante na Unifal.
No trabalho, os brinquedos foram selecionados para representar diferentes faixas socioeconômicas, com compras realizadas em lojas populares e shopping centers de Ribeirão Preto. “Foram escolhidos brinquedos destinados a crianças de 0 a 12 anos, muitos tinham tamanho e formato que facilitam a exploração oral – ou seja, que pudessem ser levados à boca –, o que aumenta o risco de exposição a substâncias tóxicas”, explica Rocha à Agência FAPESP.
A identificação e a contagem das substâncias foram realizadas por meio de espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), técnica que permite detectar metais e diversos não metais em concentrações muito baixas. A investigação também utilizou processos de análise conhecidos como digestão ácida assistida por micro-ondas, que permitem simular a liberação de substâncias químicas pelo contato com a saliva das crianças.
A partir dessa análise foram encontrados 21 elementos com potencial tóxico: prata (Ag), alumínio (Al), arsênio (As), bário (Ba), berílio (Be), cádmio (Cd), cério (Ce), cobalto (Co), cromo (Cr), cobre (Cu), mercúrio (Hg), lantânio (La), manganês (Mn), níquel (Ni), chumbo (Pb), rubídio (Rb), antimônio (Sb), selênio (Se), tálio (Tl), urânio (U) e zinco (Zn).
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