03/12/2024
Um estudo da consultoria Systemiq, solicitado pelo WWF-Brasil e pela Oceana, revela que a redução do plástico descartável no Brasil e a transição para alternativas mais sustentáveis ajudaria a evitar a emissão de 18 milhões de toneladas de CO₂ e a geração de 8,2 milhões de toneladas de resíduos plásticos. O aumento da demanda por materiais alternativos e produtos substitutos também poderia incrementar o valor econômico desse mercado em até 53%.
“O estudo aponta que podemos ter resultados positivos com a transição para práticas alinhadas a uma economia circular dos plásticos. Existem ganhos ambientais e oportunidades econômicas que precisam ser capturadas”, explica Luisa Santiago, diretora executiva para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur. A pesquisa é mais um insumo para a adoção de critérios para o design de produtos plásticos e sobre materiais considerados problemáticos ou perigosos e que precisariam ser eliminados – acarretando assim, a demanda por materiais alternativos.
“A simples substituição dos descartáveis por materiais alternativos não deve ser, contudo, vista como a solução para a poluição plástica. Ela precisa fazer parte de um conjunto de medidas de design e reformulação de modelos de negócio tomados com base em critérios sobre o que precisa ser eliminado e substituído”, ressalta Luisa.
Para Luisa, a visão de uma economia circular para os plásticos, capaz de nos trazer diversos benefícios ambientais e econômicos, é aquela em que eliminamos todos os itens plásticos problemáticos e desnecessários; inovamos, para que os plásticos necessários sejam reutilizáveis, recicláveis e compostáveis; e circulamos todos os itens de plásticos que usamos para mantê-los na economia e fora do meio ambiente.
“Para alcançar esse cenário, é fundamental que, além do compromisso das empresas, existam políticas que apoiem a inovação, a transição para modelos circulares, e a implementação de infraestrutura que garanta a circulação em larga escala dos materiais preservando o seu valor. Dessa forma poderemos tornar cada vez menos atraentes as atuais opções convencionais e poluentes e efetivar uma economia dos plásticos que é positiva para as pessoas e o meio ambiente”, explica.
Após uma semana de intensos debates, as negociações da ONU em torno de um novo tratado global contra a poluição por plásticos terminaram sem um documento. O resultado divulgado no domingo (1/12), em Busan, na Coreia do Sul, foi uma promessa de um novo encontro nos próximos meses para tentar, enfim, resolver impasses e chegar a um consenso. A mesma estratégia será usada para reverter a também fracassada COP16 da Biodiversidade, realizada no fim de outubro em Cali, na Colômbia – saiba mais aqui.
Um rascunho de texto divulgado na tarde de domingo após vários atrasos incluía uma ampla gama de opções, deixando claro o nível de desacordo. Quando uma sessão plenária aberta finalmente foi convocada no domingo à noite, o presidente da 5ª sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC-5) sobre o tratado, Luis Vayas Valdivieso, disse que houve progresso, mas que “também devemos reconhecer que algumas questões críticas ainda nos impedem de chegar a um acordo abrangente”.
Segundo o ClimaInfo, o entrave às negociações foi comandado pelos países produtores de combustíveis fósseis, especialmente Arábia Saudita e Rússia. “Como a vasta maioria dos plásticos é feita com petróleo, os petroestados se opuseram veementemente a qualquer possibilidade de limitar a produção de plásticos. Não à toa havia pelo menos 200 lobistas da indústria petroquímica em Busan”, destacou o portal em sua newsletter.
Além da produção, houve divergências envolvendo o gerenciamento de produtos plásticos e produtos químicos preocupantes, bem como sobre o financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a implementar o tratado.
Um tratado global sobre os plásticos poderia beneficiar micro, pequenas e médias empresas na transição para uma economia circular. O motivo é que regras harmonizadas internacionalmente podem facilitar que as empresas menores, que estão nessa transição, se destaquem no mercado.
A informação é do artigo da Fundação Ellen MacArthur “Fazendo com que o tratado global sobre plásticos funcione para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs)”. O texto ressalta que é crucial garantir que as MPMEs não sejam excluídas no processo de formulação de regras globais para combater a poluição plástica, visto que representam mais de 90% das empresas globalmente e desempenham um papel significativo nas economias locais.
Para atender a essas empresas, é importante que se crie políticas inclusivas que ofereçam suporte técnico e financeiro. Isso inclui acesso a tecnologias e infraestrutura para reciclagem, além de incentivos para promover inovação em modelos de negócios sustentáveis. Também é fundamental adotar regulamentações claras e consistentes, permitindo que empresas menores se adaptem às mudanças regulatórias sem enfrentar barreiras intransponíveis.
“Um tratado ambicioso pode abrir uma série de oportunidades e benefícios para as micro, pequenas e médias empresas. Em especial novas oportunidades de mercado em áreas como operação de modelos de entrega de produtos, produção de materiais alternativos e gestão de resíduos”, afirma Pedro Prata, oficial de políticas públicas para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur.
Num cenário imediato, é possível que certas partes da cadeia de valor enfrentem desafios. Por isso, para contorná-los, também será necessário amenizar esses impactos por meio de uma implementação cuidadosa das regras, além de medidas específicas para essa categoria de empresas. “O que não podemos perder de vista é que a oportunidade econômica e a urgência ambiental são muito maiores e mais críticas do que não agir”, alerta Pedro.
Fonte: CicloVivo
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