03/12/2024
Um casal se posiciona na borda de um penhasco íngreme de calcário.
Mais de 100 metros abaixo deles, fica um mundo perdido de florestas antigas, plantas e animais. Tudo o que eles conseguem ver é a densa copa das árvores, ao som das cigarras e aves que circundam os rochedos.
Por milhares de anos, este "poço do céu" – 天坑, tiānkēng, em mandarim – permaneceu inexplorado.
As pessoas tinham medo dos fantasmas e demônios que estariam escondidos na névoa que emerge das suas profundezas.
Mas drones e algumas pessoas corajosas desceram até aqueles locais, intocados desde o tempo dos dinossauros. Eles revelaram novos tesouros, transformando os poços gigantes da China em atrações turísticas.
Dois terços dos mais de 300 buracos gigantes do mundo estão espalhados pelo oeste da China. E a província de Guangxi, no sul, tem mais de 30 tiānkēng conhecidos, mais do que qualquer outra região do país.
A maior e mais recente descoberta ocorreu dois anos atrás – uma antiga floresta com árvores de até 40 metros de altura.
Estas cavidades na terra parecem deter a passagem do tempo, preservando ecossistemas únicos e delicados por séculos. Mas a sua descoberta começou a atrair turistas e empreendedores, gerando o receio de que estas raras e incríveis florestas possam ser perdidas para sempre.
"Nunca fiz nada parecido antes", conta a jovem Rui, de 25 anos, olhando para o abismo. "É muito bom. Será a primeira vez, mas não a última."
Primeiro, ela respira fundo. Depois, Rui e Michael, seu namorado, pulam do rochedo, descendo pelo ar.
O guia deles, Fei Ge, inspecionou cuidadosamente o equipamento de segurança do casal antes que eles saltassem do rochedo. Ele conhece melhor do que ninguém esta sensação.
Ele foi um dos primeiros exploradores do local. Agora na casa dos 50 anos, ele trabalha como guia de turismo e ajuda as pessoas a descobrir os segredos dos poços gigantes de Guangxi.
Fei Ge – o Irmão Fei, como é conhecido – cresceu em uma aldeia próxima e sempre lhe disseram que ele deveria ficar longe dali.
"Nós pensávamos que, se os seres humanos visitassem os poços, os demônios trariam fortes ventos e chuva", ele conta. "Nós acreditávamos que fantasmas trouxessem a névoa e a neblina."
Fei Ge aprendeu que os poços gigantes têm seu próprio microclima. O vento corre pelos túneis e a água evaporada dos rios no interior das cavernas produz a névoa.
Um dia, a curiosidade do Irmão Fei foi mais forte. E ele visitou um poço gigante, ainda criança.
"Cada pedregulho causava altos ruídos e ecos", ele conta. Havia vento, chuva e até "minitornados". "No início, tivemos medo."
Mas ele prosseguiu com as explorações. Fei Ge só percebeu a importância dos poços gigantes quando trouxe cientistas para o local.
"Os estudiosos ficaram admirados", ele conta. "Eles encontraram novas plantas e disseram que faziam pesquisas há décadas, mas nunca haviam visto aquelas espécies."
"Eles ficaram muito animados. Não conseguíamos acreditar que algo tão próximo, que nunca havíamos valorizado, fosse um tesouro tão importante."
Quando os cientistas publicaram suas descobertas e a notícia se espalhou, outros pesquisadores vieram estudar os poços gigantes.
A matéria na íntegra pode ser lida no g1
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