
18/11/2025
Os impactos da crise climática não são homogêneos, e seu monitoramento exige atenção especial às características de raça, gênero e condição social das pessoas afetadas pelos novos fenômenos ambientais.
Essa nova faceta da desigualdade foi debatida na última quinta-feira (13) em Belém pelos participantes do seminário Justiça Racial e Climática: Desafios e Caminhos para a População Negra no Brasil.
O evento foi realizado pela Folha em parceria com a Fundação Ford durante a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas).
O diretor da Fundação Ford, Atila Roque, abriu o evento afirmando que não se pode jamais perder de vista que são as populações periféricas, principalmente indígenas e quilombolas, "as que mais sofrem as consequências do desastre climático".
Sob mediação da repórter da Folha Geovana Oliveira, a primeira das duas mesas contou com a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, o diretor do Observatório da Branquitude, Thales Vieira, e José Rengifo, representante do Citafro (Coalizão Internacional de Organizações para a Defesa, Conservação e Proteção dos Territórios, do Meio Ambiente, Uso da Terra e Mudança Climática dos Povos Afrodescendentes da América Latina e do Caribe).
Para Thales Vieira, do Observatório da Branquitude, no debate dos efeitos da crise climática, é fundamental "a incorporação das variáveis de raça, cor e gênero nas bases oficiais de monitoramento, de modo a permitir diagnósticos mais precisos e formulação de políticas públicas".
"Caso contrário, essa violência vai se tornando cada vez mais invisível."
A ministra Macaé Evaristo lembrou que, mesmo dentro de uma só cidade, a crise é sentida de forma muito diferente, a depender da área que uma pessoa habita.
"Eu tenho um amigo que costuma brincar sobre a temperatura no Rio de Janeiro. Se você está no Complexo da Maré, faz 45 graus. Se você chega no [bairro do] Flamengo, está 30 graus, 35 graus. A gente brinca com isso, mas essa é a realidade."
Segundo Evaristo, essa discrepância tem um novo contexto, mas é "fruto de um processo histórico brasileiro, que é excludente, [feito] para que permaneça excludente".
"Você olha para as pessoas que estão mais presentes nos dados sobre os maiores deslizamentos de terra e, em sua maioria, é a população negra no Brasil."
Thales Vieira também indicou que a injustiça ambiental reflete o racismo estrutural entranhado na sociedade e usou o termo "privilégio climático".
"Se a gente está falando de uma estrutura, ele sempre vai operar em prejuízo de alguém, mas em benefício de outrem", disse. "Há, portanto, um privilégio climático que faz com que alguns sejam menos afetados com relação a essa crise climática e, portanto, tenham menos urgência de resolução desses problemas."
Esta reportagem pode ser lida por completa na Folha de S. Paulo
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