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Rio Doce é um ´paciente crônico´ dez anos depois do desastre de Mariana

06/11/2025

Dez anos depois do desastre de Mariana, percorrer as comunidades que estão ao longo da bacia do Rio Doce é se deparar com histórias e tradições interrompidas. Da água saía fonte de trabalho, lazer e criação de memória afetiva de muitas famílias
A pesca ensinada desde criança por gerações hoje não existe mais ou foi adaptada. Agora, a prática é feita em tanques, poços ou se transformou na revenda de peixes retirado de outros locais. Até o consumo da água captada e tratada gera desconfiança.
O g1 percorreu Baixo Guandu, Colatina e Linhares, municípios cortados pelo Rio Doce, nas regiões Noroeste e Norte do Espírito Santo, para mostrar o que as pesquisas indicam sobre a condição ambiental após essa década.
Metais ainda estão presentes nas amostras coletadas no rio e no mar e já atingiram animais de toda a cadeia alimentar, desde menores organismos até tartarugas, aves e baleias.
A contaminação ocorreu depois que mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério foram despejados no meio ambiente, com o colapso na estrutura da Samarco, no dia 5 de novembro de 2015. Dezenove pessoas morreram.
O volume de lama (suficiente para encher 16 mil piscinas olímpicas) contaminou a bacia do Rio Doce e parte do material percorreu cerca de 600 km até alcançar o Oceano Atlântico, no litoral capixaba.
A tragédia é a maior catástrofe ambiental na história do país e o maior rompimento envolvendo barragens de rejeitos de mineração do mundo. E, de acordo com pesquisadores, a contaminação segue em atividade no rio e no mar.
O coordenador técnico do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA) e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fabian Sá, faz o monitoramento dos ambientes afetados pelo desastre desde 12 dias antes da chegada da lama ao Espírito Santo até hoje.
Segundo o professor, há sinais de recuperação ambiental, mas os efeitos da lama ainda são sentidos em toda a bacia do Rio Doce e no mar. Em uma analogia feita por ele, é como se o Rio Doce fosse um paciente com uma doença crônica, que vem sendo tratada.

➺ Houve um "momento agudo": De alta intensidade do impacto, do início do rompimento em novembro de 2015 até janeiro de 2016.
➺ E agora ainda existe um "momento crônico": A intensidade do impacto diminuiu, mas persiste até hoje.

O levantamento da situação ambiental é feito pela Ufes, que coordena o trabalho, em parceria com 37 instituições no Brasil inteiro, entre públicas e privadas, e mais de 520 pesquisadores formados ao longo desses dez anos.
Quatorze pontos são monitorados trimestralmente no Rio Doce, além de outros cinco no litoral do Espírito Santo. Em alguns deles, 100% campanhas amostrais coletadas até hoje apresentaram material de rejeito.
Os impactos ainda aparecem, principalmente, quando há a entrada de material contaminante retido em barragens de Minas Gerais, assim como quando há chuva no leito do rio e frentes frias no ambiente marinho.

“O quadro de contaminação ainda é grave, a tragédia não acabou, é uma tragédia em andamento. Mais da metade do rejeito que saiu da barragem continua no leito do rio ou está depositado no mar. Então, cada enchente grande que tem carreia esse sedimento contaminado novamente, ressuspende do fundo, disponibilize para os organismos e recomeça a contaminação da cadeia alimentar. E no mar, quando entra uma frente fria, ele fica completamente marrom em toda a costa, levanta tudo que está no fundo, a cerca de dez metros de profundidade, a agente chama de antepraia, é ali que fica esse sedimento”, explicou Joca Thome, oceanógrafo e Coordenador Nacional no Centro Tamar-ICMBio.

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