
05/08/2025
O Brasil está acelerando na mudança da frota de ônibus a diesel para elétricos. De acordo com Clarisse Cunha Linke, diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), o país já superou a marca de mil veículos do tipo. O número ainda é abaixo do que existe no Chile (2,6 mil) e na Colômbia (1,7 mil), além de ser proporcionalmente pequeno em relação ao total dos que rodam no país, mas cada vez mais municípios investem na transformação.
— Temos visto um avanço em várias cidades de formas diferentes. Algumas já criaram um marco legal que define metas de descarbonização, enquanto outras estão aplicando para o PAC para a compra de ônibus elétricos. Há uma mudança em curso — destaca Linke.
A especialista participou na última quinta-feira do evento “Caminhos do Brasil”, uma iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor Econômico e da rádio CBN, com patrocínio do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações. Os debates sobre mobilidade urbana também incluíram o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, e Felipe Borim, superintendente da Área de Infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A Associação Brasileira do Veículo Elétricos (ABVE) divulgou na última sexta-feira que o setor registrou um crescimento expressivo na frota no primeiro semestre de 2025. Foram emplacadas 306 unidades em todo o país, um aumento de 141% em relação ao mesmo período de 2024, quando passaram a circular 127 novos ônibus elétricos.
O aumento é puxado especialmente pela cidade de São Paulo, a mais avançada nesse processo. O município já tem 841 ônibus elétricos, ou 6,3% da frota total, mas a meta é chegar a 20% dos 13,3 mil coletivos até o fim de 2028.
Já em Curitiba, os primeiros ônibus elétricos começaram a circular em agosto do ano passado. Foram 54 veículos na primeira aquisição, como parte do projeto de eletromobilidade do transporte público da cidade, que conta com R$ 380 milhões em investimentos.
De acordo com o Ministério das Cidades, já estão em processo de compra 2,2 mil ônibus elétricos para 92 cidades, como Florianópolis (SC), Palmas (TO) e Niterói (RJ). Só Campinas (SP) levará 250 veículos.
Outros 13 municípios da região metropolitana baiana vão receber 150 coletivos cada. Na lista estão Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Camaçari e Itaparica. Esses projetos foram escolhidos em 2023 e, juntos, custaram R$ 7 bilhões. Para 2025, os valores disponíveis são de R$ 4 bilhões, e a seleção ainda está ocorrendo.
Os ônibus elétricos zeram emissões de gases causadores do aquecimento global e também evitam polução do ar por partículas que causam doenças, especialmente pulmonares. Eles também são mais silenciosos e confortáveis.
De acordo com Clarisse Linke, a mudança é maior do que a simples substituição de veículos. Isso porque a tecnologia tem algumas particularidades que muda a rotina das empresas de ônibus, além de criar um desafio adicional a concessionárias de energia que precisam reformar a estrutura de abastecimento para suportar o aumento da demanda. Um novo problema, por exemplo, é a localização das garagens:
— É preciso de espaços bem localizados com uma estratégia de recarga bem desenhada para colocar esses ônibus para rodar de forma efetiva. Mas encontrar terrenos em áreas melhores para garagens nas grandes cidades é complicado — aponta a especialista.
No Rio, o Departamento estadual de Transportes Rodoviários começou a testar, em junho, um modelo de ônibus 100% elétrico na linha intermunicipal 417T, que liga Xerém à Barra da Tijuca. O objetivo desse período é observar aspectos, como abastecimento do veículo, a disponibilidade de energia pela concessionária e o conforto de passageiros e motoristas.
Serão avaliados também a autonomia, a eficiência operacional em trajetos longos e o custo-benefício do uso desta tecnologia em linhas intermunicipais. A expectativa é que o modelo possa ser adotado em outros itinerários.
A diretora-executiva do ITDP explica que, além de mudanças no funcionamento das empresas, um ônibus elétrico é três vezes mais caro do que um normal, o que é uma barreira de entrada. Além disso, ele não tem um valor de revenda compensatório — uma transação que também abastece o fluxo de caixa das operadoras. No entanto, sustenta Linke, a operação é tão mais barata que compensa esse custo inicial.
— Por isso tudo, não é só mudar um veículo por outro. As cidades precisam construir seus planos de transformações, com novos marcos legais — cobra a pesquisadora. — Isso tudo gera uma oportunidade de mudar o sistema de transporte. É uma brecha que temos para mudar para melhor.
“Caminhos do Brasil” é uma iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor e da Rádio CBN, com patrocínio da Multiplan e do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
Fonte: O Globo
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