
17/04/2025
No sul da Índia, próximo à Pondicherry, cidade que abrigou colonos franceses na década de 1950, existe um lugar onde o silêncio não é apenas bem-vindo, é sagrado. Em Auroville, uma comunidade internacional fundada em 1968, ele foi elevado ao status de patrimônio cultural e espiritual. Mais do que ausência de som, representa consciência, respeito e conexão profunda com o ambiente e com os outros. Em Auroville, o silêncio é uma linguagem viva, falada em cada gesto, espaço e decisão coletiva.
Idealizada com o apoio da UNESCO e do governo indiano, Auroville nasceu como uma cidade universal, onde pessoas de todas as origens poderiam viver em harmonia, sem divisões religiosas, políticas ou de propriedade privada. Nesse contexto, o silêncio se tornou um dos pilares fundamentais da convivência. Ele é entendido como uma ferramenta de autoconhecimento e como prática cotidiana de escuta e presença. E mais: é uma política urbana e cultural, que permeia desde escolas e cafés até centros culturais e ruas públicas.
O centro espiritual da cidade, Matrimandir, é talvez o exemplo mais simbólico dessa filosofia. Considerado um dos espaços mais silenciosos do mundo, ele é reservado à meditação profunda e ao recolhimento. Lá, o silêncio não é imposto, mas vivido como expressão máxima de comunhão.
A importância do silêncio em Auroville foi institucionalizada por meio de diretrizes internas do Conselho da cidade, regulamentações comunitárias e sinalizações que indicam áreas de quietude — respeitadas até mesmo por visitantes. A arquitetura local também contribui: muitos edifícios são projetados para minimizar ruídos, ecos e poluição sonora.
Curiosamente, Auroville funciona sem prefeitos ou partidos políticos. As decisões são tomadas por meio do consenso entre os moradores, que hoje representam mais de 50 nacionalidades. Carros e motos são desestimulados, bicicletas e caminhos a pé são preferidos. Eventos culturais começam com momentos de silêncio compartilhado, reforçando a ideia de que menos barulho pode significar mais qualidade de presença.
Auroville é um exemplo raro, mas potente, de como o aquietar pode ser integrado ao cotidiano urbano enquanto valor social, espiritual e ecológico. Ali, viver em comunidade também é aprender a calar para ouvir, a respeitar para coexistir e a desacelerar para estar verdadeiramente presente.
Fonte: CicloVivo

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