12/12/2024
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) identificou componentes de cocaína, remédios e cafeína no mar do Litoral Norte de São Paulo.
O estudo analisou várias amostras da água do mar e encontrou, ao todo, 15 componentes químicos em diferentes concentrações.
➡️ Uma das análises revelou a presença de benzoilecgonina, substância liberada na urina humana após o uso de cocaína, além de resquícios da própria droga.
A pesquisa não identifica de onde e como esses componentes chegaram ao mar, mas a principal hipótese é que tenham sido levados pelo esgoto, a partir das fezes e da urina humana.
"As características físico-químicas desses compostos não permitem sua completa diluição, e os tratamentos de esgoto não os eliminam, até porque são muitos e ainda não se conhecem os efeitos de todos eles", explica a pesquisadora Luciana Frazão, do Instituto de Oceanografia da USP.
Segundo a análise, os componentes foram encontrados não apenas na região costeira, mais próxima da faixa de areia, mas também em áreas distantes, em alto-mar. Isso indica que estão em alta concentração no oceano, o que afeta todo o ecossistema marinho.
➡️ Ainda não se sabe quais são os riscos diretos para a saúde humana. No entanto, a pesquisadora faz um alerta, pois essas substâncias podem contaminar os peixes que, posteriormente, são consumidos pelas pessoas.
No Rio de Janeiro, por exemplo, foi identificada a presença de cocaína em tubarões no mar. Os animais pertencem a uma espécie usada na alimentação e foram coletados de pescadores que abastecem o comércio local.
De acordo com o estudo, os animais também estavam sendo contaminados pelo esgoto, através de fluidos humanos.
Ou seja, os sistemas de tratamento de esgoto não estão sendo capazes de filtrar todos os medicamentos e drogas que passam pelas redes, permitindo que essas substâncias alcancem o mar. A pesquisadora Luiza Frazão alerta que isso representa um risco tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana.
"De forma semelhante às emissões de dióxido de carbono na atmosfera, cujo acúmulo a longo prazo levou ao efeito estufa e à atual crise climática, os PPCPs [produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais] também podem se acumular lentamente. Esse acúmulo pode resultar em mudanças significativas que passam despercebidas até que um ponto de inflexão seja atingido, o que pode levar a consequências graves e irreversíveis para os ecossistemas marinhos", afirma Luciana.
Veja a lista do que foi achado clicando no g1
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