12/11/2024
À medida que a equipe de transição do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja sua agenda de energia e meio ambiente, o grupo conta com dois experientes ex-líderes de gabinetes e lobistas de combustíveis fósseis para remodelar drasticamente as agências encarregadas de proteger o ar, a água, o clima e as terras públicas da nação, de acordo com seis pessoas familiarizadas com o assunto.
A tarefa é familiar para David Bernhardt, ex-lobista de petróleo que chefiou o Departamento do Interior no primeiro governo Trump, e Andrew Wheeler, ex-lobista de carvão que dirigiu a Agência de Proteção Ambiental. Ambos conhecem bem Washington e têm anos de experiência em desmantelar proteções ambientais federais.
Pessoas que trabalham na transição já prepararam uma série de decretos e proclamações presidenciais sobre clima e energia. Elas incluem retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima, eliminar os escritórios de todas as agências que trabalham para acabar com a poluição que afeta desproporcionalmente as comunidades pobres, e reduzir do tamanho de monumentos nacionais no Oeste do país para permitir mais perfuração para petróleo e gás e mineração em terras públicas.
O presidente Joe Biden tornou a justiça ambiental uma prioridade máxima e buscou garantir que as comunidades carentes se beneficiem de pelo menos 40% do desenvolvimento de energia limpa. Essa iniciativa será descartada, disseram pessoas familiarizadas com o plano de Trump. A medida fará parte de um esforço maior para desmantelar o que os aliados do presidente eleito veem como a agenda "woke" e quaisquer programas que não ajudem a melhorar a economia.
Os limites dos monumentos nacionais Bears Ears e Grand Staircase-Escalante, no sul de Utah, serão imediatamente redesenhados para refletir as mudanças feitas por Trump em 2017, quando ele abriu para mineração e outros empreendimentos centenas de milhares de hectares de terras consideradas sagradas por vários povos indígenas. Biden expandiu as áreas protegidas em 2021.
Também se espera que Trump acabe rapidamente com a pausa do governo Biden na emissão de novos terminais de exportação de gás natural e revogue uma isenção de longa data que permite à Califórnia e a outros estados estabelecer padrões de poluição mais rígidos do que o governo federal.
Algumas pessoas na equipe de transição estão discutindo a possibilidade de tirar a sede da EPA (sigla em inglês para Agência de Proteção Ambiental) e seus 7.000 funcionários da capital americana, de acordo com várias pessoas envolvidas nas discussões que pediram para permanecer anônimas porque não estavam autorizadas a falar sobre a transição.
Trump também pretende instalar um "czar de energia" na Casa Branca para coordenar políticas entre as agências, a fim de reduzir regulamentações e facilitar o aumento da produção de petróleo, gás e carvão.
A descrição do cargo de "czar de energia" lembra o Grupo de Trabalho de Energia da Casa Branca supervisionado pelo vice-presidente Dick Cheney durante o governo de George W. Bush, projetado para garantir que os combustíveis fósseis permaneceriam como os principais recursos energéticos dos Estados Unidos "por muitos anos" e que a estratégia energética do governo federal buscaria principalmente aumentar o fornecimento de combustíveis fósseis, em vez de limitar a demanda.
Na COP28, a conferência climática das Nações Unidas do ano passado, os Estados Unidos e os outros países integrantes do Acordo de Paris concordaram em fazer a transição dos combustíveis fósseis, cuja queima é a principal fonte dos gases de efeito estufa que provocam as mudanças climáticas.
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