10/10/2024
Uma iniciativa visa sensibilizar o público sobre a importância da conservação da saíra-apunhalada (Nemosia rourei) e o seu ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica. É a campanha “Somos Todos Saíra-apunhalada”, desenvolvida em parceria por várias instituições que fazem parte do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves da Mata Atlântica, o PAN Aves da Mata Atlântica.
O grupo aproveitou a comemoração ao Dia da Ave, celebrado em 5 de outubro, para dar início à campanha, sendo uma oportunidade conhecer esta ave rara e endêmica do bioma.
“Essa ave habita a Mata Atlântica do Espírito Santo e foi considerada extinta durante várias décadas até ser redescoberta nos anos 1990. Desde então, várias instituições realizam pesquisas científicas e ações junto com a comunidade nas áreas de ocorrência conhecida desta ave”, diz Eduardo Araújo Barbosa, analista ambiental do CEMAVE (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres) e coordenador do PAN Aves da Mata Atlântica.
Quando a saíra-apunhalada foi redescoberta, havia apenas 5 indivíduos conhecidos. Desde então, a população vem aumentando, sendo atualmente de 20 indivíduos: 15 observados na Mata de Caetés, onde está localizada a Reserva Kaetés, e 5 em Santa Teresa, na Reserva Biológica Augusto Ruschi. Desde o início do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada – PCSA, em 2020, a população cresceu 100%.
“Ao conhecermos mais sobre a espécie e sua vulnerabilidade, as pessoas se conectam emocionalmente com a causa, o que é fundamental para incentivar a conservação e engajá-las em ações que protejam o seu ambiente natural, que é a Mata Atlântica”, destaca Gabriela Possato, supervisora pedagógica da área de Educação para Conservação do Parque das Aves.
A saíra-apunhalada é uma pequena ave rara e endêmica da Mata Atlântica, considerada uma das mais ameaçadas do mundo. Ela encontra-se Criticamente em Perigo (CR), segundo classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza – UICN. Atualmente, existem apenas 20 indivíduos conhecidos, localizados exclusivamente na região serrana do Estado do Espírito Santo, nos municípios de Castelo, Vargem Alta e Santa Teresa.
Devido ao número crítico de indivíduos e à restrição de habitat, é necessário um grande esforço coletivo para promover ações urgentes que impeçam sua extinção. Desde 2020, o Instituto Marcos Daniel (IMD) desenvolve o Programa de Conservação da Saíra-apunhalada (PCSA) para realizar pesquisas, monitoramento e mobilização social em prol da conservação da espécie e do seu habitat.
“No ano de 2021, vários especialistas em conservação se reuniram e criaram o Plano de Ação e Estratégias de Manejo Integrado para a Conservação da Saíra-apunhalada. Esse plano, estabelecido de forma coletiva, elencou seis objetivos principais com metas específicas, desde o monitoramento até a comunicação. Desde então, todas as ações do programa são orientadas por este documento, ressaltando a importância de integrar-se ao PAN Aves da Mata Atlântica para a conservação eficaz da espécie. O aumento da população de saíra-apunhalada é apenas um dos resultados positivos desse trabalho em conjunto”, comenta Eduardo.
A Campanha Somos Todos Saíra-apunhalada foi construída coletivamente e conta com ações digitais por meio de postagens coordenadas nas redes sociais das instituições que fazem parte da campanha. Além disso, as instituições também criarão ações presenciais para envolver a comunidade dos locais onde atuam.
“Buscamos amplificar a mensagem da conservação, reforçando nosso compromisso em fazer tudo o que está ao nosso alcance para proteger a saíra-apunhalada. A colaboração entre instituições e o engajamento do público são essenciais para gerar uma mudança real e duradoura”, comenta Valdivia Rocha, mobilizadora social do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada (PCSA).
A campanha é fruto da colaboração entre diversas entidades públicas, privadas e ONGs parceiras que trabalham voltadas para a conservação de aves no Brasil, incluindo o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres – CEMAVE, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, o Parque das Aves, a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil – AZAB, o Instituto Nacional da Mata Atlântica – INMA, o Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil – CSE Brasil, a Reserva Águia Branca, a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil – SAVE Brasil, a WikiAves – A Enciclopédia das Aves do Brasil, a companhia Alupar e o Instituto Marcos Daniel, proprietário da Reserva Kaetés e responsável pela execução do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada – PCSA.
“Não teríamos alcançado resultados consistentes sem a participação ampla de parceiros institucionais e especialmente da comunidade local que está cada vez mais engajada e compreendendo a importância da conservação da ave e da Mata Atlântica para promover a melhor qualidade de vida, especialmente em tempos de mudanças climáticas”, reconhece Marcelo Renan de Deus Santos, coordenador do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada.
Fonte: CicloVivo
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