27/08/2024
"Moro aqui há 32 anos, e nunca, considerando todas as queimadas que já ocorreram na região, vivemos algo como o que estamos enfrentando agora", conta Cristina Aparecida Nardo, de 60 anos, residente de Ribeirão Preto (SP).
A fumaça provocada pelos incêndios tem coberto dezenas de cidades em várias regiões do Brasil nos últimos dias.
Em São Paulo, a situação se agravou na última sexta (23/8), quando o Estado registrou 1.886 focos de queimadas - mais dos que os 1.666 registrados durante todo o ano passado. Em relação ao mesmo mês no ano passado, o aumento foi de mais de 880%. Dois funcionários de uma usina em Urupês, região metropolitana de São José do Rio Preto, morreram enquanto combatiam as chamas.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe) informa que o Brasil anotou 4.928 focos de calor. Isso significa que apenas o Estado de São Paulo respondeu por 38% de todas as queimadas do país, conforme mostra comparativo feito pela empresa de metereologia MetSul.
Segundo informações da Secretaria do Estado divulgadas neste domingo (25/8), 46 municípios estão sendo monitorados e estão em alerta máximo para queimadas.
Cristina, moradora de Ribeirão Preto que trabalha no ramo imobiliário, sofre de asma e conta que a qualidade do ar piorou muito desde os incêndios começaram.
As queimadas liberam substâncias tóxicas que irritam as narinas, olhos e garganta, além de atravessarem as células pulmonares e entrarem na circulação sanguínea. Dessa forma, são distribuídas por todo o corpo, causando inflamação, especialmente em pessoas com problemas de saúde preexistentes.
"Nunca vivi algo tão aterrorizante. Havia tanta cinza e fuligem dentro dos apartamentos... Mesmo com tudo fechado. Falei para minha filha: ´Parece que o fogo está aqui dentro´. É difícil respirar".
"Tive que colocar um vaporizador ao meu lado durante a noite, e minha bombinha ficou debaixo do travesseiro. Usei bastante. É um remédio que eu pego na farmácia pela Farmácia Popular, e que peguei semana passada, mas já está quase acabando", diz ela.
"Passei muito mal, e sei que muitas pessoas estão internadas por causa da qualidade do ar."
Imagens no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do INPE mostram que dez Estados brasileiros enfrentam uma acentuada piora na qualidade do ar devido a queimadas na Amazônia. Alguns, como é o caso de São Paulo, têm focos de incêndios próprios, o que agrava a situação.
O MetSul descreve que uma massa de ar seco e extremamente quente atuou no centro do Brasil na última semana e favoreceu temperaturas muito altas ainda no Sul e no Norte do Brasil com marcas perto e acima de 40ºC em vários Estados.
"O tempo seco e quente contribuiu para um salto no número de queimadas, como se dá todos os anos nesta época que marca o auge da estação seca no centro do Brasil, mas a explosão de queimadas verificada em São Paulo não pode ser explicada apenas pelo clima e tem origem humana, o que deverá ser investigado pelas autoridades", diz o informe.
São Paulo já registra chuvas em várias regiões, pela chegada de uma frente fria que colaborou para cessar a maioria dos focos de fogo no território do Estado. Os ventos que acompanham a frente fria, no entanto, levaram a fumaça de queimadas para Goiás, Distrito Federal e o Estado de Minas Gerais.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou, em coletiva de imprensa, que foi criado um plano emergencial para ampliar a capacidade de atendimento das unidades de saúde na região de Ribeirão Preto.
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