12/08/2024
No período de agosto de 2023 a julho de 2024, a Amazônia apresentou a menor taxa de alertas de desmatamento desde 2016, de acordo com dados do Sistema DETER (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A redução foi de 45,7%. Por outro lado, o número de queimadas explodiu na Amazônia no mês de julho.
A área de alertas de desmatamento em 2024 na Amazônia Legal abrange uma área de quase 4.315 km2. O estado do Pará apresentou a maior redução absoluta, seguido por Amazonas e Rondônia, que também mostraram quedas importantes. Caso a queda se confirme no dado final, o Brasil estará muito perto de cumprir sua meta para 2025 no Acordo de Paris.
Para Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), a queda significativa no desmatamento é um marco impressionante, especialmente quando comparado ao ano passado, em que os números desceram de 7.952 km² para 4.314,76 km².
Entretanto, Ane aponta preocupação com os dados apresentados durante o mês de julho, quando foram registrados 666 km² de alertas de desmatamento na Amazônia, um aumento de 33% em comparação com o mesmo mês de 2023 (500 km²). “Todos os outros meses tiveram uma redução nos alertas. Por exemplo, em março, abril e maio, a redução foi significativa, mas em julho houve um aumento, indicando um avanço em áreas com menos fiscalização neste período”, analisou Alencar.
Além da tendência de alta no, entre os dias 1 e 31 de julho, foram registrados 11.145 focos de queimadas no bioma, o maior número para o mês desde 2005, de acordo com dados do Deter. O registro é 93% maior que os 5.772 focos registrados em julho do ano passado e 111% maior que a média para o mês nos últimos 10 anos (5.272).
O número de focos de queimadas acumulado em 2024 na Amazônia é também o maior desde 2005. O dado é o quarto maior da série histórica do Deter, iniciada em 1998, sendo superado apenas pelos anos de 2003, 2004 e 2005. Naqueles anos, porém, a Amazônia tinha níveis muito mais altos de desmatamento, que é historicamente associado a queimadas. Em 2024, por outro lado, o desmatamento está em queda.
A coordenadora de Florestas do Greenpeace Brasil, Cristiane Mazzetti, analisa que o período é de extrema atenção, uma vez que a Amazônia já registra recorde de queimadas e deverá passar por uma seca sem precedentes.
“A situação dos próximos meses não traz otimismo, já que a Amazônia está em seu período de estiagem e deve passar por mais um episódio de seca extrema, a exemplo do ocorrido no ano passado. Ou seja, não é hora de baixar a guarda, governo federal e estaduais precisam intensificar os esforços de prevenção do fogo, redução do desmatamento, além de aumentar o rigor para punir criminosos ambientais”, comenta Mazzetti.
O Observatório do Clima alerta que o bioma do Cerrado sofre com uma realidade inversa à da Amazônia: ali os alertas de desmatamento foram os maiores da série iniciada em 2018, com 7.015 km2, uma alta de 9% em relação ao ano passado – que já era o recorde das medições do Deter-B.
No Cerrado, o aumento dos focos de queimadas e de incêndios no mês de julho também bateu recorde. Esse quadro sugere que a destruição para a produção de carne e soja pode estar “vazando” da floresta para a savana, onde há menos controle do governo federal porque as terras são quase todas privadas, o limite legal de desmatamento é maior e as licenças para corte de vegetação são mais facilmente concedidas pelos estados.
Os estados do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentraram 75% da área sob alertas de desmatamento no bioma. A região abriga atualmente a principal fronteira de expansão agrícola do país. Mas, apesar do aumento de 9%, o Cerrado apresentou uma redução sucessiva mês a mês a partir de janeiro de 2024. O plano de combate ao desmatamento, PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado), foi iniciado em novembro de 2023.
No Pantanal, que vem sendo atingido por grandes incêndios em 2024, foram registrados 1.158 focos de queimadas entre 1 e 31 de julho, um aumento de 820% em comparação a julho do ano passado.
O valor é menor que o de 2020 (1.684 focos) – ano no qual incêndios devastadores atingiram 30% da área do bioma. Mas, em 2024 – de 1 de janeiro a 31 de julho -, o Pantanal já acumula 4.756 focos, ultrapassando os 4.218 focos detectados em 2020. O número de queimadas acumuladas em 2024 é 610% maior que a média dos últimos três anos (661 focos).
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