30/07/2024
A final do XPRIZE Florestas Tropicais realizada em Manaus durante o mês de julho reuniu seis equipe com cientistas de 19 países para uma competição inovadora que ao longo de cinco anos estimulou o desenvolvimento de tecnologias para preservação da biodiversidade.
"Nossa solução está pronta para ser utilizada em qualquer floresta tropical a partir da próxima semana", anunciou Nigel Pittman, ecologista do Field Museum of Natural History e líder da equipe Map of Life (EUA).
O time norte-americano chegou à final pelo desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados equipados para captura de imagem em alta resolução e sensores acústicos que transmitem dados em tempo real para um banco de dados de biodiversidade.
A tecnologia recebeu licença comercial da Universidade de Yale e está em fase de patente.
O Brazilian Time apresentou-se na final de posse de três patentes: um robô terrestre, equipamentos de coleta de DNA e cargas de drones.
Tecnologias criadas por uma equipe multidisciplinar que envolve especialistas em botânica, engenharia genética e robótica da Esalq-USP, Unicamp e UFSCar.
"Desenvolvemos um robô terrestre robusto para penetrar na floresta e também usamos drones para sobrevoar a copa das árvores e captar o máximo possível de informações sobre biodiversidade", explica o professor Vinícius Souza, botânico da Esalq, coordenador do Brazilian Team.
O time brasileiro apresentou números de impacto como as 634 árvores e 289 espécie identificadas em 24 horas na semifinal, por exemplo, utilizando várias estratégias, como DNA ambiental, armadilhas para insetos e bioacústica para gravar os sons da floresta.
A metodologia do Brazilian Time usa ferramentas de Inteligência Artificial e Machine Learning, resultando em ganhos significativos. "Conseguimos reduzir de 50% a 90% em tempo e custo de procedimentos de sequenciamento do e-DNA em um laboratório molecular que levamos na mochila", explica o brasileiro.
Para Thomas Walla, da Colorado Mesa University, que lidera a equipe Limelight Rainforest, o XPRIZE "é uma oportunidade de fazer dinheiro e ao mesmo tempo resolver um problema monumental para a humanidade".
Por meio de uma plataformas de sensores personalizáveis implantado por drones, associado a um laboratório para coleta de DNA ambiental, o grupo obteve resultados como a identificação de 100 mil cantos de pássaros, resultando na adição de 110 novas espécies de pássaros ao aplicativo Merlin.
Cerca de 700 mil insetos amazônicos foram fotografados. Entre os planos do time após a premiação está oferecer serviços de vigilância de mosquitos para prevenir surtos e epidemias.
"Estamos acelerando a descoberta da biodiversidade em florestas tropicais", afirma Matthew Spenko, do Illinois Tech, especialista em robótica, líder da equipe Welcome to the Jungle, citando como inovação a identificação de espécies em tempo real com eDNA no ar e na água.
O time já atraiu US$ 3,5 milhões em investimento e implanta pilotos em Quênia, Namíbia e Tanzânia.
A equipe Providence+, formada por especialistas da Universidade Politécnica da Catalunha, da Espanha, e Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Brasil, aposta na plataforma Drop (Deep-Rainforest Operational Platform), solução de baixo custo, em torno de US$ 10 mil.
O equipamento testado ao longo do mês de julho na floresta amazônica está em fase de patente para ser comercializado em 2025.
"Introduzimos uma tecnologia revolucionária na competição, que vai transformar a forma como monitoramos biodiversidade", diz o colíder do time, o brasileiro Emiliano Ramalho.
Já a equipe Suíça, ETH BiodivX, que reúne especialistas de diversos países e integrantes brasileiros, inovou com tecnologias genéticas como a criação de um laboratório-mochila, em parceria com a marca Patagonia, para fazer coleta e análise de DNA in loco.
A matéria na íntegra pode ser lida na Folha de S. Paulo
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