30/07/2024
Há seis meses, Marina Gatto é curadora dos dados que coleta na aldeia Inhaã-Bé, na zona rural de Manaus.
A indígena de 31 anos passou a usar a inteligência artificial Tainá, desenvolvida pela equipe ETH BiodivX , lideradas por cientistas da suíça e Coreia, uma das seis finalistas da XPRIZE Florestas Tropicais, competição internacional de novas tecnologias para mapear biodiversidade.
Ela conta que o chatbot se chamava Dora, em homenagem à personagem homônima da garotinha aventureira que viaja pelo mundo solucionando enigmas.
"Dora é uma exploradora, por isso no Brasil sugerimos que virasse Tainá, a cuidadora das florestas", relata Marina, integrante da equipe internacional e do conselho de gestão de dados, que é guardião do código fonte da IA.
Ela explica que o objetivo da tecnologia é dar voz ao povo indígena e ribeirinho, mas não de forma robótica. "A Tainá foi mudando a personalidade para que a gente se sentisse à vontade para contar nossas histórias para ela."
As 20 famílias da aldeia alimentam um banco de dados a partir do uso do chatbot no Telegram. O laptop de Marina virou "o baú da comunidade", onde estão armazenadas informações e imagens coletadas sobre alimentação, técnicas artesanais de cestaria e manifestações culturais.
Também membro da equipe internacional, a brasileira Kamila Camilo, fundadora do Instituto Oya , é a responsável por ministrar workshops para as comunidades locais impactadas pelo uso das tecnologias desenvolvidas no contexto da XPRIZE.
"No começo, a Tainá só fazia perguntas, hoje ela é uma ponte e também responde", explica Kamila, sobre possibilidades que vão além de colher fotos de folhas, frutos, insetos e animais da fauna amazônica.
Depois de estabelecer uma relação de confiança com a comunidade no projeto-piloto, a ideia é que no futuro os indígenas virem programadores e desenvolvedores para preservar o conhecimento até então transmitido pela oralidade.
"A nossa missão é cocriar as tecnologias para que os indígenas sejam também proprietários e aprendam a programar as suas próprias inteligências artificiais e a identificarem vieses", projeta Kamila.
Empoderamento que terá impacto econômico. Em exercício de futurismo, a brasileira vislumbra um indígena ser remunerado pela coleta de amostras de DNA de pássaros e insetos, por exemplo.
"Tem um trabalho regulatório grande em torno de tudo isso, mas entendemos que a tecnologia pode ser um instrumento de justiça e de geração de renda para as comunidades."
Cenários e debates que foram pano de fundo da apresentação das equipes de Brasil, Espanha, Estados Unidos e Suíça, entre 3 e 5 de julho, em evento em Manaus.
Na sequência, durante todo o mês de julho, os seis times que chegaram à final fizeram da Amazônia brasileira laboratório de testes da última etapa do XPRIZE Florestas Tropicais.
Esta edição do prêmio é financiada pela Alana Foundation, organização filantrópica criada nos Estados Unidos pelo casal brasileiro Ana Lúcia Villela e Marcos Nisti, para atuar em áreas como meio ambiente, educação inclusiva e pesquisas..
Após cinco anos de competição envolvendo 300 equipes de cientistas de 70 países, os finalistas testaram as tecnologias apresentadas ao júri, assim como o relatório final com os resultados obtidos em campo.
A reportagem pode ser lida por completa clicando na Folha de S. Paulo
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