30/07/2024
Um novo estudo revela que a energia eólica offshore é capaz de trazer um valor agregado bruto de pelo menos R$ 900 bilhões para a economia brasileira, além de gerar mais de 516 mil empregos até 2050. A pesquisa foi realizada pelo Grupo Banco Mundial em parceria com o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Os resultados acima destacados referem-se ao cenário mais otimista à implementação da fonte eólica offshore, entre os três avaliados. Neste futuro promissor, a energia em alto-mar responderia por quase um quinto da geração total da matriz elétrica brasileira até 2050, com 96 GW de capacidade instalada. A fonte deveria ocupar 7,1% do leito marinho tecnicamente viável. Os dados constam no estudo “Cenários para o Desenvolvimento de Eólica Offshore no Brasil”.
A geração de energia eólica offshore é vista como um complemento a outras fontes renováveis, como a solar, eólica onshore (em terra) e biomassa. A integração dessas fontes pode ser estratégica para que o Brasil consiga zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.
“Ela tem uma variabilidade interanual que é muito baixa. Inclusive, em certos estados, menor que a variabilidade da hidrelétrica. Então, ela tem como ser uma fonte atenuante da variabilidade da energia hidrelétrica, e isso faz com que ela tenha o potencial de se tornar uma fonte extremamente importante para a matriz energética brasileira”, afirma a especialista em energia renovável Rebeca Doctors, do Banco Mundial.
Desafios e oportunidades
O custo inicial elevado está entre os desafios a serem superados para que a energia eólica offshore possa se tornar uma realidade a longo prazo. Atualmente, a expectativa é de que os primeiros projetos tenham um custo quase duas vezes maior do que as alternativas solar e eólica onshore. Espera-se que, com o desenvolvimento e ganho de escala, o custo por MWh possa cair significativamente, tornando-a competitiva no médio prazo.
Outros fatores que podem ajudar a reduzir os custos são a infraestrutura, a cadeia de suprimentos e os recursos humanos já existentes para a produção offshore de petróleo e gás, e de desenvolvimento de energia eólica onshore. É possível adaptar tudo isso para atender às demandas da nova fonte energética.
Grande parte do potencial eólico offshore do Brasil se encontra nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Apesar de a fonte ter, a princípio, uma vantagem competitiva por estar próxima aos centros de demanda, a integração à rede elétrica também exigirá atenção.
Para viabilizar o setor, são necessários grandes investimentos em infraestrutura portuária e logística, com apoio dos setores público e privado, sendo essenciais, por exemplo, o financiamento público e de bancos de desenvolvimento.
O documento destaca que o Brasil desenvolveu sua atual indústria eólica onshore (em terra) principalmente graças ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No caso da indústria eólica offshore, a implantação em grande escala exige o “uso muito mais intensivo de capital e estruturas financeiras complexas, além do envolvimento de muitos atores de instituições financeiras públicas e privadas”. No cenário ambicioso, a expectativa (e necessidade) é que bancos comerciais e instituições financeiras internacionais assumissem a liderança.
Diversos estudos têm apontado o potencial do Brasil na geração de energia em alto-mar. Entretanto, experiências recentes de geração de energia eólica onshore, em regiões do Nordeste, vem se traduzindo em diversos impactos sociais, afetando comunidades tradicionais, ribeirinhas, povos indígenas, entre outros que têm pouco poder de influência frente a grandes companhias energéticas.
No início de 2024, um grupo composto majoritariamente por representantes das comunidades afetadas pela geração de energia eólica no Nordeste lançou um documento com mais de cem recomendações a serem adotadas de forma preventiva. A iniciativa inédita não é contra a expansão das fontes eólicas, mas a favor de uma transição energética justa.
Sobre tal questão, o estudo do banco mundial é bastante tímido. Os formuladores consideram que a energia eólica offshore pode ser a “nova energia hidrelétrica do Brasil”, mas somente se atingir escala suficiente. Para tanto, o documento reconhece que o uso do leito marinho (7,1%) – como proposto no cenário ambicioso – seria suficientemente alto para gerar preocupações com o que chama de “sensibilidades socioambientais”.
A pesca e a pressão sobre a biodiversidade marinha, especialmente a avifauna, os mamíferos marinhos e as tartarugas, estão listados entre as atividades e seres que serão impactados, em maior ou menor grau, de acordo com o avanço da produção energética em alto-mar.
Confira o resumo executivo do estudo no CicloVivo
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