UERJ UERJ Mapa do Portal Contatos
Menu
Home > Atualidades > Notícias
É correto abraçar um bicho-preguiça?

30/07/2024

Talvez os gatos sejam os reis da internet, mas os bichos-preguiça não ficam atrás. Com um rosto que parece sorrir e uma necessidade fisiológica de se agarrar, esse mamífero de movimentos lentos, nativo da América Central e da América do Sul, tem sido frequentemente transformado em memes e em personagens de animação adoráveis. Mas recentemente os bichos-preguiça têm proliferado na vida real, longe de seu habitat arbóreo.
Podem ser alimentados, abraçados e fotografados em locais de exibição, como parques de animais e pet shops, frequentemente sem uma origem conhecida e sem que as normas sanitárias e de segurança estejam sendo seguidas de maneira rigorosa.
Junto dos fenecos —ou raposas-do-deserto—, que têm orelhas grandes, e dos juparás, com carinha de bebê, os bichos-preguiça são as atrações principais na crescente variedade de locais onde as interações com animais —quanto mais exóticos e maior o contato, melhor— sustentam o modelo de negócio.
O número desses expositores com licença do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês) quase dobrou de 2019 a 2021, com mais de mil bichos-preguiça inspecionados anualmente nos últimos dois anos.
Segundo dados federais, o risco de morte de animais e de surtos de doenças têm aumentado —bem como as lesões humanas e as preocupações de especialistas e de agências estatais.
"O desejo de proximidade —de tocar, sentir contato direto com os animais— é muito antigo. Talvez isso esteja intrinsecamente ligado a nós. Mas o acesso e a procura aumentaram", comentou Nigel Rothfels, historiador que estuda zoológicos.
Seja em uma duvidosa barraca à beira da estrada (como em "A Máfia dos Tigres"), seja em um "tour pelos bastidores" de uma instituição reconhecida, os encontros geralmente acabam, propositalmente, nas redes sociais. Essa visibilidade normaliza o ato de abraçar as criaturas, mas muitos zoólogos argumentam que não deveria ser assim.
Pesquisas mostram que a exibição de interações pode levar as pessoas ao erro de pensar que essas espécies podem ser animais de estimação, ou questionar se estão mesmo em perigo de extinção.
"Resumindo: ver os animais em contato com pessoas pode provocar crenças negativas sobre a vida selvagem e a conservação", explicou Sally Sherwen, diretora de conservação de vida selvagem e ciência no Zoos Victoria, rede voltada para a conservação na Austrália.
A SeaQuest, cadeia norte-americana de aquários interativos, tem atraído a atenção de reguladores e defensores dos animais. Tem sete filiais, desde Folsom, na Califórnia, até Woodbridge, em Nova Jersey, a maioria com bichos-preguiça. E, por um custo adicional, os visitantes podem tocar em esquilos-voadores, mergulhar com arraias ou brincar com lontras e cangurus pequenos.
Outra questão é se os animais desejam esse tipo de interação.
Em entrevista, Vince Covino, que fundou a SeaQuest em Boise, em Idaho, em 2015, disse que os animais exibidos pela empresa gostam do contato humano e que o modelo tradicional de "olhar, mas não tocar" é antiquado.
"Há um estigma antigo: não toque nos animais; não os alimente. ´Silêncio, estão dormindo! Não querem interagir com humanos.´ Mas não acreditei nisso."
Mas alguns zoólogos e muitos defensores de animais selvagens argumentam que esses seres não estão preparados para encontros próximos, por mais que pareçam adoráveis na hashtag #slothsoftiktok. Uma adolescente do Michigan aprendeu isso da pior maneira, quando foi mordida por um bicho-preguiça, em 2023, em uma loja de animais exóticos que oferecia interações semanais.
"Ela ficou com duas feridas profundas e o sangue escorria pelo braço", declarou sua mãe à imprensa local.
Certos animais podem desfrutar a diversão das atividades humanas, sobretudo em ambientes controlados, como os primatas brincalhões em um zoológico.
Jenny Gray, diretora-geral do Zoos Victoria e ex-presidente da Associação Mundial de Zoológicos e Aquários, afirma que, mesmo nesses casos, depende da criatura. Segundo ela e outros especialistas, forçar um animal a tirar fotos com humanos em um parque é exploração.
Quando os zoológicos públicos se tornaram populares, há mais de um século, todo tipo de interação entre humanos e não humanos era permitida. Mais tarde, por motivos de segurança, os animais foram isolados, antes de voltar a ser permitido o contato nas últimas décadas novamente, explicou Rothfels, autor de "Savages and Beasts: The Birth of the Modern Zoo" (selvagens e feras: o nascimento do zoológico moderno).

Conclua esta leitura clicando na Folha de S. Paulo

Novidades

Antas são flagradas em vida livre no RJ pela primeira vez em 100 anos

16/01/2025

Antas em vida livre foram flagradas por câmeras no parque estadual Cunhambebe, no sul do estado do R...

Plantas venenosas e espinhosas são proibidas em canteiros e jardins públicos da cidade

16/01/2025

Uma nova lei, sancionada nesta quarta-feira (15) pelo prefeito Eduardo Paes, poderá mudar os canteir...

O Rio não é para amadores: tartaruga é carregada por homem em praia da Zona Sul

16/01/2025

Em mais uma daquelas cenas que provam que o Rio não é para amadores, um homem deixou a Praia do Flam...

Como cidades do Ceará combatem o calor pavimentando ruas com concreto

16/01/2025

Diante das altas temperaturas que persistem quase o ano todo, cidades do Nordeste estão adotando med...

Ministro de Minas e Energia diz que Ibama vai autorizar exploração de petróleo na Foz do Amazonas

16/01/2025

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio...

Startup transforma resíduos de cerveja em painéis construtivos

16/01/2025

A apreciada produção de cerveja alemã, além da bebida amada mundialmente, gera uma quantidade gigant...