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Cientistas se arriscam entre icebergs e tempestades para pesquisar ponto de não retorno no Ártico; veja fotos

16/12/2025

Do convés de um navio na costa leste da Groenlândia, a presença mais majestosa não são as baleias, os icebergs nem as imponentes montanhas cobertas por geleiras.
É o desfile de água gélida, azul, com 120 quilômetros de largura, que desce pela costa vindo do oceano Ártico. Mais ao sul, essas correntes se misturam com água tropical que sobe através da Corrente do Golfo, e juntas determinam as temperaturas oceânicas em todo o Atlântico Norte, como torneiras de água quente e fria em uma banheira gigante.
Agora, porém, os humanos estão mexendo nas torneiras. O rápido aquecimento causado pelas emissões de gases de efeito estufa está tornando o Ártico mais chuvoso e derretendo seu gelo, tanto em terra quanto no mar.
Se muita dessa água excedente chegar ao Atlântico Norte, os cientistas temem que isso possa interromper os processos que trazem água quente dos trópicos. As consequências para o clima seriam de longo alcance: invernos mais gelados na Grã-Bretanha, furacões mais fortes no leste dos Estados Unidos e, talvez mais preocupante, mudanças nas faixas de chuva que alimentam populações na África, América do Sul e Ásia.
Para entender melhor essa ameaça, uma equipe de pesquisadores navegou da Islândia até a costa leste da Groenlândia neste verão com um navio carregado de equipamentos de coleta de dados. Essas águas são implacáveis com instrumentos delicados: encontros com icebergs são um risco constante. O gelo marinho torna a área intransitável durante grande parte do ano.
"Há muito poucos dados daqui", disse Nick Foukal, oceanógrafo da Universidade da Geórgia (EUA), que liderou a expedição de duas semanas. "Então qualquer dado vai ser realmente, realmente importante."
Observar as correntes oceânicas enquanto elas mudam é crucial para aprofundar a compreensão dos cientistas sobre como e quando elas podem atingir pontos de não retorno. O problema, à medida que os humanos alteram o clima da Terra, é que mudanças drásticas podem não esperar que os pesquisadores se sintam seguros em sua compreensão antes de começarem.
O que torna os mares ao redor da Groenlândia tão importantes para o planeta? A resposta está relacionada a um imenso ciclo de água que serpenteia pelos oceanos do mundo, conectando mudanças climáticas em locais distantes.
Você poderia começar a seguir esse ciclo no Atlântico tropical, onde o forte sol aquece o mar e o torna extrassalgado através da evaporação. Essa água viaja para cima, passando pela costa leste da América do Norte até que, nas proximidades da Islândia e da Groenlândia, começa a se transformar.
A água quente encontra o ar frio e libera parte de seu calor, tornando-se mais fria e densa. Isso faz com que ela afunde nas profundezas. Flui através do abismo, passando pela América do Sul e ao redor da Antártida, antes de ressurgir séculos depois, pronta para começar a jornada novamente.
Os cientistas deram a essa parte atlântica da esteira transportadora oceânica um nome pouco elegante: Circulação Meridional de Revolvimento do Atlântico, ou Amoc (pronuncia-se "eimoque", em inglês). E eles temem que um dia ela pare completamente.
O que os preocupa são aquelas quantidades crescentes de água doce se espalhando pelo Atlântico Norte. Elas diluem as correntes quentes e salgadas que viajam dos trópicos, fazendo com que afundem menos. Mas esse afundamento é o que impulsiona a água quente para o norte em primeiro lugar. Quando uma extremidade da esteira transportadora fica mais lenta, a outra também fica. Pouco a pouco, toda a esteira desacelera até que, em certo ponto, ela para.
Se isso acontecer, menos calor tropical chegaria às regiões setentrionais do Atlântico, tornando a Grã-Bretanha e os países nórdicos mais frios. Mais calor poderia permanecer próximo ao Caribe, fornecendo combustível extra para furacões e distorcendo os padrões atmosféricos que distribuem chuvas em ambos os lados do Atlântico e além.
Evidências geológicas nos dizem que tudo isso ocorreu várias vezes antes, mais recentemente há cerca de 12,8 mil anos. Hoje há sinais de que uma desaceleração está em curso, e os modelos dos cientistas preveem que ela continuará por décadas. A parte difícil é antecipar quando isso pode levar a outra paralisação. No próximo século? Na próxima década? No próximo ano?
"No mundo real, o ponto de inflexão parece muito mais próximo do que os modelos sugerem", disse Stefan Rahmstorf, professor de física oceânica da Universidade de Potsdam, na Alemanha. Isso significa que o risco de que isso ocorra antes do final do século é significativo demais para ser ignorado, disse Rahmstorf.

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