
11/12/2025
Relatório publicado pela ONU nesta terça-feira (9) mostra que uma economia verde que enfrente a mudança climática pode ter custos iniciais, mas também render até US$ 20 trilhões anuais a partir de 2070, salvar milhões de vidas —poupadas de fome, poluição e eventos extremos— e tirar ainda centenas de milhões da pobreza.
Uma economia descarbonizada e sustentável não é uma questão de querer. "Medidas urgentes não são mais opcionais, são necessárias", afirma Edgard Gutiérrez-Espeleta, copresidente de avaliação da nova edição do Global Environmental Outlook (GEO-7), produto do trabalho de 287 cientistas de 82 países.
O documento foi lançado na 7ª Assembleia de Meio Ambiente da ONU, que ocorre nesta semana em Nairóbi, no Quênia.
Apesar do Acordo de Paris e outras medidas, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram 1,5% ao ano desde 1990, atingindo o pico em 2024. O planeta experimenta recordes de temperatura nos últimos dois anos e eventos climáticos extremos e diversos, como queimadas na Europa e enchentes na Ásia.
"A ciência é clara, as soluções são conhecidas. O que é necessário é coragem para agir na escala e na velocidade que a história exige", diz Gutiérrez-Espeleta, ex-ministro de Meio Ambiente e Energia da Costa Rica.
Com 1.222 páginas, o GEO-7 lista cinco "verdades críticas" que precisam ser atacadas imediatamente na luta contra a mudança climática:
1. Há uma crise ambiental. A mudança climática, a perda de biodiversidade, a degradação dos solos e a poluição ameaçam a segurança nacional dos países, a saúde pública, a estabilidade econômica e os próprios contratos sociais;
2. Há uma crise de governança. Os políticos atuais miram ganhos de curto prazo em detrimento da resiliência de longo prazo, deixando de lado metas climáticas;
3. Uma reforma financeira é necessária. É essencial redirecionar US$ 1,5 trilhão em subsídios prejudiciais e absorver US$ 45 trilhões de externalidades;
4. Governos e sociedades têm que dar respostas integradas. A formulação de políticas deve reunir empresas, setor financeiro, academia, sociedade civil e também detentores de conhecimento indígena, com transições justas, rápidas e irreversíveis;
5. É preciso justiça e equidade. "As nações mais ricas devem reduzir o consumo e mobilizar finanças e tecnologia; as de renda média devem ampliar a infraestrutura verde; países de baixa renda precisam de apoio para avançar em suas tecnologias", diz o documento. Comunidades mais vulneráveis e os povos originários precisam ter prioridade.
A lição de casa é grande, complexa e cara, mas, segundo o GEO-7, a questão financeira tem argumentos imediatos de mudança. Nas últimas duas décadas, eventos climáticos extremos custaram ao menos US$ 143 bilhões anuais, aponta o relatório. Apenas em 2019, o estrago da poluição do ar na saúde pública global chegou a US$ 8,1 trilhões.
Já a transformação macroeconômica sugerida pelo estudo começaria a aparecer em 2050, quando o Acordo de Paris prevê a neutralidade de emissões, e crescer para US$ 20 trilhões anuais a partir de 2070.
Conclua esta leitura acessando a Folha de S. Paulo
Brasileiro é premiado por reflorestar áreas degradadas
11/12/2025
Ciclone extratropical: fenômenos ´devastadores´ no Brasil são culpa das mudanças climáticas?
11/12/2025
Biodiesel de babaçu polui menos que o de soja
11/12/2025
Produção de resíduos cresce em 2024; destinação adequada melhora
11/12/2025
ONG brasileira ganha principal prêmio ambiental da ONU
11/12/2025
Viva Água expande ações para SP e Bahia durante seca histórica
11/12/2025
