
05/06/2025
Há um ano, no Dia do Meio Ambiente, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) deram início a um trabalho de recuperação do mangue morto, em Aracruz, no Norte do estado, com o plantio de mudas nativas em uma área que foi destruída devido às consequências das mudanças climáticas. O local foi atingido por uma chuva de granizo, em novembro de 2015, que devastou 500 hectares de manguezal às margens do Rio Piraquê-Açú/Mirim.
Com essa ação inédita, a meta dos pesquisadores é elaborar um protocolo que seja referência para a recuperação de outros mangues no país. São plantadas cerca de 8 mil mudas por mês em 40% da área atingida. O projeto usa cinco técnicas diferentes de reflorestamento.
O mangue é um ecossistema que evita a erosão em áreas costeiras, serve de proteção para ovos, filhotes de peixes e crustáceos, além de capturar e armazenar carbono, um dos gases responsáveis pelo aquecimento e efeito estufa. Com a destruição dessa área, várias espécies de vida animal e vegetal desapareceram.
O g1 esteve em uma expedição no local e registrou o trabalho dos pesquisadores, prefeitura da cidade e ribeirinhos que atuam diariamente na recuperação e proteção da região. O município tem quase 2 mil hectares de manguezais, um dos maiores do Espírito Santo. Por causa da destruição, cerca de 300 pessoas ficaram sem a principal fonte de renda vinda do mangue.
Segundo especialistas, 40% da área foi devastada pela tempestade de granizo. Mas a área já vinha sofrendo, há anos, os efeitos das mudanças climáticas, como períodos de seca prolongados.
"Nós tivemos aquela chuva de granizo, que foi o ponto de ruptura da capacidade de suporte da floresta. Esse trecho de mangue já tava sofrendo por escassez hídrica, por excesso de salinidade, que não era adequado para aqueles indivíduos. Tinha o vento frio, mais do que a chuva, que fez com que as folhas do mangue ressecassem. Quando isso acontece, a espécie não rebrota", explicou Mônica Tognella, coordenadora do projeto e professora do Departamento de Ciência Agrárias e Biológicas da Ufes.
O resultado foi uma mudança drástica na paisagem: o cenário verde deu lugar a restos de troncos sem folhas e uma grande área cinza sem vida.
Experientes em lidar com o mangue, são os próprios pescadores, catadores de caranguejo, siri e moradores do entorno, na região de Santa Cruz, que estão empenhados na plantação. Antes da catástrofe, eles tiravam do local, ostras, ameixa/lambretas e caranguejo.
O secretário de Meio Ambiente de Aracruz, Aladim Cerqueira, disse que o impacto foi além de ambiental, passando também pelo econômico e social. Por esta razão, os ribeirinhos recebem uma bolsa para ajudar no projeto com o plantio.
"Já que essa comunidade deixou de ter os recursos, a gente precisava remunerar para eles estarem recuperando o manguezal. Para que eles possam viver do trabalho deles um dia tirando da própria natureza", explicou Cerqueira.
O projeto permite o pagamento de bolsa mensal para os catadores que estão participando do plantio via o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), fundo privado para financiamento de projetos, sem fim lucrativo.
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