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Práticas sustentáveis recuperam solos atingidos por deslizamentos no RS

20/05/2025

A adoção de práticas sustentáveis acelera a recuperação dos solos atingidos por deslizamentos no Rio Grande do Sul. Técnicas como plantio de cobertura e compostos orgânicos ajudam a corrigir a perda de nutrientes das terras agrícolas e não dependem de fertilizantes químicos.
Após o desastre de maio de 2024, ligado às mudanças climáticas, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) coletaram amostras de solo nos municípios de Bento Gonçalves, Pinto Bandeira e Veranópolis, na serra gaúcha. A região concentra grande parte da fruticultura no estado.
O estudo comparou os solos de três categorias: pomares e vinhedos que haviam sido afetados por deslizamentos; propriedades do mesmo tipo que não haviam sido atingidas e áreas de mata nativa, sem histórico de agricultura.
As análises apontaram que as áreas danificadas pelo desastre perderam 85% do estoque de carbono no solo, elemento essencial para o desenvolvimento das plantas. O teor de matéria orgânica identificado nos pomares e vinhedos atingidos foi de 0,6%, cerca de um sexto do índice encontrado nas propriedades não afetadas, de 3,9%. A taxa nas áreas de vegetação nativa foi de 6,8%, dez vezes acima dos locais que sofreram impactos.
Segundo Gustavo Brunetto, pesquisador da UFSM e coordenador do estudo, o tempo necessário para repor os nutrientes perdidos varia conforme as ações dos agricultores. "Se o produtor não fizer nada, pode ultrapassar o período de 40 anos para recuperar o solo. Mas se adotar algumas técnicas, pode reduzir para cerca de 13 anos", afirma.
O uso de plantas de cobertura é uma das principais formas de aumentar a fertilidade dos solos. A técnica envolve o plantio de gramíneas, como aveia ou azevém, junto ao cultivo, para preencher o solo com vegetação.
Essas plantas devolvem carbono à terra por meio das raízes e reduzem os danos durante eventos extremos. "É quase obrigatório usar plantas de cobertura nos solos degradados. Quando a água bate na planta de cobertura antes de entrar em contato com o solo, dispersa a energia cinética da gota da chuva e evita que o solo seja degradado e a água seja escoada com muita velocidade", explica Brunetto.
A aplicação de compostos orgânicos no solo, como restos de plantas ou dejetos de animais, também incrementa o teor de carbono, além de reintroduzir o fósforo, outro elemento perdido com as chuvas. Segundo o pesquisador, a técnica reduz a compra de fertilizantes industrializados, já que os produtores podem ter o composto orgânico à disposição na propriedade.
"Tivemos três grandes deslizamentos em maio de 2024, as plantas foram levadas pela água. O solo foi muito afetado, criou crateras gigantes, comprometendo totalmente qualquer manejo que a gente quisesse fazer", afirma Rubiane da Campo, produtora de pêssegos em Pinto Bandeira. A família se dedica à atividade há 40 anos.
O solo da serra gaúcha é pouco profundo, com maior concentração de matéria orgânica na superfície. Se o solo fosse uma fatia de pão, os nutrientes estariam em uma fina camada de manteiga que foi levada pelas chuvas.
Rubiane da Campo planeja intensificar o uso de plantas de cobertura e enxerga a importância da técnica. "Essas plantas melhoram a estrutura do solo e aumentam o armazenamento de água em períodos de estiagem", diz a produtora.
"Mas tem uma área da propriedade que nós abandonamos, não tentamos mais recuperar, porque o estrago foi grande e seria muito custoso fazer a adequação daquela parte", afirma a agricultora.
Segundo a Emater (Associação de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural), as chuvas de 2024 afetaram a fertilidade do solo em mais de 3 milhões de hectares de terras em todo o estado. A área equivale a quase 20 vezes o tamanho do município de São Paulo.
No último dia 6, a Assembleia Legislativa do RS aprovou o projeto de lei 109/2025, apresentado pelo governo estadual, que cria o programa de recuperação socioprodutiva, ambiental e de resiliência climática da agricultura familiar.
A medida prevê R$ 900 milhões em repasses de até R$ 30 mil por propriedade. Os recursos virão do Plano Rio Grande, de reconstrução do estado.
Segundo a secretaria de desenvolvimento rural do RS, estão previstas ações para recuperação da fertilidade dos solos, incluindo as plantas de cobertura. A pasta afirma que o programa deve começar em até 30 dias.

Fonte: Folha de S. Paulo

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